O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma declaração bombástica ao afirmar que forças americanas realizaram um ataque em solo venezuelano. Segundo ele, uma "grande instalação" foi destruída, mas nenhuma evidência ou detalhe oficial foi apresentado para corroborar a informação.
Declaração sem comprovação gera dúvidas
Em conversa com um empresário e doador republicano na sexta-feira, 27 de dezembro de 2025, Trump descreveu a ação militar. "Derrubamos uma grande planta, uma grande instalação, de onde os navios saem. Há duas noites, nós a destruímos", disse o mandatário, conforme relatado pelo jornal britânico The Guardian.
No entanto, a Casa Branca não emitiu nenhuma confirmação oficial sobre a suposta operação. Da mesma forma, o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, não se pronunciou sobre as acusações. A ausência de confirmações de ambos os lados levanta questionamentos sobre a natureza e a veracidade do alegado ataque.
Contexto de tensão e operação militar ampliada
Se confirmado, este seria o primeiro ataque terrestre conduzido pelos Estados Unidos dentro do território da Venezuela desde que o Pentágono iniciou um significativo reforço militar na região do Caribe. Oficialmente, a justificativa inicial era o combate ao narcotráfico, alegando que redes criminosas atuariam sob a orientação do regime de Maduro.
Nos últimos meses, porém, a estratégia evoluiu para uma pressão mais ampla, combinando elementos econômicos e militares. Autoridades americanas descrevem a ação atual como uma "quarentena marítima", com o objetivo declarado de interromper as exportações de petróleo venezuelano que escapam das sanções internacionais.
Um alto escalão do governo, em condição de anonimato, disse à CNN que Trump estaria se referindo a uma instalação ligada ao tráfico de drogas. Ainda assim, não foram fornecidos detalhes adicionais.
Disposição para escalar e presença militar massiva
Trump já havia alertado publicamente sobre sua disposição em ampliar a campanha militar, incluindo a possibilidade de ataques dentro da Venezuela – uma medida que, em tese, exigiria autorização prévia do Congresso americano.
A movimentação militar dos EUA na área é considerável. De acordo com o The Guardian, cerca de 15 mil militares estão posicionados no Caribe e no Golfo do México. Este contingente inclui um grupo de ataque de porta-aviões, caças de última geração F-35 e embarcações da Guarda Costeira, naquela que é vista como a mais ampla ação de fiscalização marítima do governo Trump.
Falta de confirmação independente e imagens não verificadas
Até o momento, não há relatos independentes vindos da Venezuela que confirmem o ataque descrito pelo presidente americano. Circulam nas redes sociais, desde o dia 24 de dezembro, imagens que mostram uma explosão na zona industrial do município de San Francisco, no estado de Zulia, no oeste do país.
Essas imagens, contudo, não passaram por verificação independente e não há nenhum vínculo confirmado entre elas e a declaração feita por Trump. A situação permanece envolta em incertezas.
Análise de especialistas e cenário geopolítico
Analistas de política internacional interpretam o endurecimento da postura dos EUA como parte de uma estratégia mais ampla de coerção econômica e geopolítica. O momento é marcado por crescente instabilidade regional e disputas pelo controle de recursos energéticos, com o petróleo venezuelano no centro das atenções.
A única empresa atualmente autorizada a exportar petróleo venezuelano para os Estados Unidos é a Chevron, uma exceção dentro do rigoroso regime de sanções. A pressão militar aparece como mais uma ferramenta para isolar economicamente o governo de Maduro e limitar sua capacidade de financiamento.
Enquanto aguardamos posicionamentos oficiais que esclareçam os fatos, a declaração de Trump acende um novo alerta sobre a possibilidade de uma escalada militar direta em um cenário já extremamente tenso e volátil.