Lula a Trump: 'Conversar é menos sofrível que guerra' sobre Venezuela
Lula pede diálogo a Trump sobre operação na Venezuela

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo público por diálogo ao líder dos Estados Unidos, Donald Trump, em meio à crescente tensão militar envolvendo a Venezuela. Durante a abertura da reunião ministerial, Lula revelou ter aconselhado Trump de que "fica mais barato conversar e menos sofrível do que guerra".

Contexto da Crise e Ação Militar Americana

A declaração do presidente brasileiro ocorre em um momento de escalada significativa. O governo norte-americano ordenou, na terça-feira (16 de dezembro de 2025), um bloqueio total de petroleiros sob sanção dos EUA nas águas ao redor da Venezuela. Esta medida complementa o envio de uma frota militar para os mares do entorno do país latino-americano, ação que, segundo Lula, deixa a Venezuela "completamente cercada" pelas Forças Armadas americanas.

A reação do regime de Nicolás Maduro foi imediata e contundente, classificando a ação dos Estados Unidos como uma "ameaça grotesca" e um ato "irracional". A definição de quais navios petroleiros estão efetivamente sob sanção permanece pouco clara, mas o impacto prático é evidente: a medida deve impedir a movimentação marítima de quase todos os cargueiros de petróleo não vinculados à empresa americana Chevron.

Sanções, Petróleo e a Exceção da Chevron

O cenário é marcado por uma aparente contradição. Apesar das sanções americanas contra o setor petrolífero venezuelano, a Chevron continua operando no país com autorização de Washington. Esta permissão foi inicialmente concedida durante o governo de Joe Biden, com o objetivo de reduzir o preço da gasolina nos EUA, e foi mantida pela atual administração Trump.

Em um telefonema recente, conforme relatado pelo governo brasileiro, Lula solicitou a cooperação de Trump no combate ao narcotráfico internacional, sem mencionar diretamente a Venezuela. Na mesma semana, o presidente brasileiro também manteve contato com Nicolás Maduro para discutir a escalada militar promovida pelos Estados Unidos contra o país vizinho.

Diálogo como Estratégia de Solução de Conflitos

As declarações de Lula foram feitas durante o último encontro do ano com todo o seu ministério, um espaço dedicado ao balanço das ações anuais e ao reforço de diretrizes. Ao se referir às conversas com seu homólogo americano, o presidente brasileiro enfatizou sua crença no poder da diplomacia. "Se a gente acreditar no poder da palavra e do argumento, a gente evita muita confusão na vida dos países", afirmou Lula, defendendo o diálogo como ferramenta fundamental para a resolução pacífica de disputas internacionais.

O posicionamento do chefe do Executivo brasileiro coloca o país em um papel de defensor da mediação e do entendimento, em contraste com a via militar escolhida pelos Estados Unidos. A situação permanece em desenvolvimento, com o bloqueio naval representando uma pressão econômica e logística severa sobre o governo de Maduro, enquanto o apelo de Lula ressoa como um chamado à moderação no cenário geopolítico global.