O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo direto aos líderes da França e da Itália nesta terça-feira (16), manifestando sua expectativa de que a Europa trabalhe para a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. A cerimônia de assinatura está prevista para ocorrer em Foz do Iguaçu no próximo sábado (20).
O impasse europeu e o apelo de Lula
Em declarações, Lula reconheceu a existência de um "pequeno problema" nas negociações finais. O principal obstáculo vem da resistência do presidente francês, Emmanuel Macron, que teme pela competitividade dos produtores rurais de seu país frente aos brasileiros. A posição da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também é considerada determinante para o desfecho.
"O presidente Macron está muito preocupado com produtores rurais franceses, com a competitividade com o Brasil", disse Lula, acrescentando que tentou argumentar que os produtos brasileiros não competem diretamente com os franceses, por serem "coisas diferentes, são qualidades diferentes".
O presidente brasileiro expressou sua esperança publicamente: "Eu espero que o meu amigo Macron e a primeira-ministra da Itália, espero que eles tragam a boa notícia de que vão assinar o acordo e que não vão ter medo de perder competitividade com o povo brasileiro".
Pressão contra o tempo e produtos sensíveis
Nesta mesma terça, Macron reafirmou aos outros líderes da União Europeia que o acordo, na sua forma atual, não é satisfatório para a agricultura francesa. Este posicionamento ocorre justamente quando a liderança do bloco europeu, com o apoio da Alemanha, insiste que o pacto com o Mercosul deve ser fechado ainda este ano.
A chefe da Comissão Europeia planeja viajar ao Brasil no sábado (20) para a cerimônia de assinatura, que marcaria a criação da maior área de livre comércio do mundo, após duas décadas de discussões.
Os setores que mais geram apreensão entre os legisladores europeus são:
- Carne bovina, onde o Brasil é um dos maiores produtores globais.
- Carne de aves, outro segmento de forte competitividade brasileira.
- Açúcar, commodity na qual o país também tem grande peso.
O temor central é de uma invasão de produtos sul-americanos no mercado europeu em momentos de crise ou problemas na cadeia produtiva agrícola local.
Um marco comercial em jogo
O acordo entre os dois blocos é um dos mais ambiciosos da história recente. Sua conclusão representaria um marco geopolítico e econômico, integrando economias complementares, mas os últimos obstáculos giram em torno de proteções setoriais sensíveis.
Todos os olhos estão voltados para as próximas horas, que definirão se as preocupações de competitividade serão superadas em prol de um benefício maior para as quase 800 milhões de pessoas que compõem o Mercosul e a União Europeia. O encontro em Foz do Iguaçu promete ser decisivo.