José Antonio Kast vence eleição no Chile com 58% e reforça virada à direita na América do Sul
Kast eleito presidente do Chile com mais de 58% dos votos

O Chile tem um novo presidente eleito: José Antonio Kast, candidato alinhado à direita conservadora, venceu o segundo turno das eleições presidenciais realizadas em 15 de dezembro de 2025. Kast conquistou a vitória com uma vantagem expressiva, obtendo mais de 58% dos votos e derrotando a candidata de esquerda, Jeannette Jara.

Uma campanha marcada por promessas de mudança

Durante a campanha eleitoral, José Antonio Kast centrou seu discurso em duas frentes principais: o reforço da segurança pública e o endurecimento das regras de imigração. Apesar de seu histórico de posições firmes, observadores notaram que o candidato moderou sua retórica nos meses que antecederam a votação, buscando ampliar seu apelo eleitoral.

Após a confirmação do resultado, o presidente eleito adotou um tom conciliador. Em seu primeiro discurso, afirmou que será presidente de todos os chilenos e pediu a ajuda da oposição para combater o crime organizado, um dos grandes desafios do país. O processo de transição de governo já começou, com um encontro entre Kast e o atual mandatário de esquerda, Gabriel Boric. A posse oficial está marcada para março de 2026.

O fenômeno da "eleição por rejeição" e o novo mapa sul-americano

A vitória de Kast no Chile não é um evento isolado. Ela se insere em um movimento recente de avanço das forças de direita na América do Sul. Um exemplo emblemático ocorreu em outubro, quando a Bolívia, país tradicionalmente governado pela esquerda, rompeu um ciclo de quase vinte anos sob essa orientação política.

Para analisar esse cenário em transformação, o podcast O Assunto, do g1, recebeu o sociólogo e doutor em geografia humana Demétrio Magnoli. Comentarista da GloboNews e colunista dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, Magnoli avaliou os fatores que levaram Kast à vitória em sua terceira tentativa presidencial.

O especialista discutiu a lógica por trás da chamada "eleição por rejeição", na qual o eleitorado vota mais contra um projeto ou situação do que propriamente a favor de uma proposta concreta. Magnoli também investigou se esse fenômeno se repete em outros países do continente e traçou um panorama das forças políticas na região.

O que esperar do futuro político do continente?

Na conclusão da análise, Demétrio Magnoli buscou responder como ficam o equilíbrio e a dinâmica entre direita e esquerda na América do Sul após a eleição chilena. Ele identificou quais são os traços em comum entre os países atualmente governados por presidentes dos dois espectros políticos, apontando para um cenário complexo e fragmentado.

A consolidação de Kast no poder a partir de 2026 será um elemento-chave para observar a direção que o continente tomará nos próximos anos. Sua promessa de um governo de união nacional será posta à prova frente a um eleitorado profundamente dividido e a uma região em constante reconfiguração ideológica.