Trump no poder: showman na Casa Branca e tensões com o Brasil em 2025
Estratégia de Trump como showman e relação com Lula em 2025

O ano de 2025 nos Estados Unidos foi marcado pelo retorno de um estilo de governança que mantém o mundo atento a cada movimento. Em 20 de janeiro de 2025, Donald Trump reassumiu a presidência, iniciando seu segundo mandato à frente da Casa Branca. Desde o primeiro dia, sua administração transformou o Salão Oval em um palco, com luzes permanentemente voltadas para a figura do comandante-chefe.

Governar como um showman: a estratégia de Trump

O primeiro ano deste novo ciclo foi uma sequência quase diária de manchetes. Trump adotou uma tática clara: declarações polêmicas e anúncios transmitidos ao vivo, todos meticulosamente planejados para gerar o máximo de impacto e dominar o noticiário. Em entrevista ao podcast O Assunto, apresentado por Natuza Nery, o professor de Relações Internacionais da FGV e pesquisador da Universidade Harvard e do Carnegie Endowment, Oliver Stuenkel, analisou essa postura.

Stuenkel define a abordagem de Trump como a de um verdadeiro "showman". Para o especialista, o presidente norte-americano utiliza a comunicação direta e espetacular como ferramenta central de governo, priorizando a narrativa e o controle da agenda midiática sobre os trâmites tradicionais da política.

Uma montanha-russa nas relações com o Brasil e Lula

Um dos capítulos mais turbulentos da política externa trumpista em 2025 envolveu diretamente o Brasil. A relação bilateral passou por altos e baixos extremos, começando com a imposição de um "tarifaço" por parte dos EUA e acusações graves de Trump. O presidente americano chegou a afirmar que o governo e o Judiciário brasileiros promoviam uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Entretanto, o tom das relações pareceu mudar após um diálogo entre os dois mandatários. O presidente Lula relatou ter dito a Trump que não desejava uma "guerra" na América Latina. Posteriormente, o próprio Trump comentou publicamente sobre o encontro, classificando a conversa como "muito boa" e até afirmando: "Gosto dele". Stuenkel analisa essa dinâmica volátil, pontuando os interesses geopolíticos e econômicos em jogo, que vão desde o petróleo venezuelano até reinterpretações da Doutrina Monroe.

O agente da paz e o horizonte político interno

No tabuleiro geopolítico global, Donald Trump buscou se reposicionar como um "agente da paz". Oliver Stuenkel comenta essa estratégia, que contrasta com a retórica muitas vezes belicosa de seu primeiro mandato, e avalia seus desdobramentos e credibilidade perante aliados e adversários.

No front doméstico, o professor aponta as perspectivas para Trump na política interna dos EUA e o que ele pode esperar das cruciais eleições de meio de mandato em 2026. O desempenho do Partido Republicano nesse pleito será um termômetro vital para a força política do presidente na reta final de seu governo.

Por fim, um tema proibido pela Constituição americana ganha espaço nos corredores do poder: a ambição por um terceiro mandato. Stuenkel avalia os sinais e as táticas citadas por aliados do presidente que sugerem que Trump poderia tentar burlar a limitação constitucional, um movimento que abalaria as instituições políticas dos Estados Unidos.

O podcast O Assunto, que traz esta análise, é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Sarah Resende, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Carlos Catelan. Desde sua estreia em agosto de 2019, o programa do g1 já soma mais de 168 milhões de downloads em todas as plataformas de áudio e mais de 14,2 milhões de visualizações no YouTube.