O ano de 2025 reservou capítulos turbulentos para duas figuras centrais da política francesa recente: o atual presidente Emmanuel Macron e seu antecessor Nicolas Sarkozy. Ambos enfrentaram situações delicadas que misturaram vida pública e privada, gerando ampla repercussão na mídia e na opinião pública.
Macron: crise política e um gesto pessoal mal interpretado
Emmanuel Macron, de 47 anos, seguiu governando a França em uma situação política complexa, após convocar eleições legislativas antecipadas que resultaram em uma assembleia sem maioria clara. O presidente, que já lidava com as dificuldades de administrar sem amplo apoio parlamentar, viu sua imagem pessoal envolvida em um episódio curioso durante uma viagem oficial.
Pouco antes de desembarcarem de um avião no Vietnã, Macron foi fotografado recebendo um tapa no rosto de sua esposa, Brigitte Macron, de 72 anos. A cena, rapidamente disseminada, foi explicada pelo próprio presidente. “Estávamos brincando, como fazemos com frequência”, afirmou ele, tentando afastar qualquer interpretação negativa. No entanto, a justificativa não pareceu convencer a todos, adicionando um elemento de constrangimento à já complicada agenda diplomática.
Sarkozy: condenação histórica e breve passagem pela prisão
Enquanto Macron lidava com seus dissabores, seu antecessor e adversário político, Nicolas Sarkozy, de 70 anos, enfrentava consequências judiciais graves. Sarkozy entrou para a história como o primeiro ex-presidente francês a ser condenado a uma pena de prisão efetiva pelo crime de “associação criminosa” no financiamento ilegal de sua campanha eleitoral de 2012.
A sentença determinou cinco anos de reclusão. No momento de se apresentar para cumprir a pena, Sarkozy foi acompanhado por sua esposa, a cantora Carla Bruni, de 57 anos. As imagens mostraram o casal de mãos dadas, com Bruni dando um beijo de despedida ao marido antes de ele ingressar no regime prisional.
Contudo, a permanência de Sarkozy atrás das grades foi breve. Menos de um mês após o início da pena, ele beneficiou-se de uma liberdade condicional. Carla Bruni esteve novamente presente, desta vez para recebê-lo e acompanhá-lo na saída, encerrando temporariamente esse capítulo judicial.
Um ano de contrastes na política francesa
Os episódios envolvendo Macron e Sarkozy ilustram as diferentes naturezas dos desafios que líderes políticos podem enfrentar, mesmo após deixarem o cargo. De um lado, a pressão constante do exercício do poder em um cenário de minoria parlamentar, combinada com o escrutínio implacável sobre a vida pessoal. Do outro, o peso da justiça e o cumprimento de penas por atos cometidos durante a trajetória política.
Os dois casos, amplamente cobertos pela imprensa internacional, mostram como a linha entre a figura pública e a pessoa privada é frequentemente tênue para aqueles que ocupam o topo do poder. Enquanto Macron tenta navegar por águas políticas turbulentas, Sarkozy enfrenta as repercussões legais de seu passado, ambos sob os holofotes da opinião pública.
A reportagem, publicada originalmente na edição de 24 de dezembro de 2025 da revista VEJA (edição nº 2976), foi elaborada por Valmir Moratelli, com colaboração de Giovanna Fraguito e Nara Boechat.