O cenário político para as eleições presidenciais de 2026 ganhou uma nova camada de análise a partir de declarações de um ministro do governo Lula. Segundo avaliação interna do Palácio do Planalto, a candidatura do senador Flávio Bolsonaro, lançada pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, não seria uma ameaça real para a disputa do próximo pleito, mas sim um movimento estratégico de longo prazo, com os olhos voltados para 2030.
Análise interna do Planalto sobre a estratégia bolsonarista
Conforme revelado pela coluna Radar, da revista VEJA, em sua edição de 20 de dezembro de 2025, integrantes do núcleo político do presidente Lula tratam com naturalidade a decisão de Jair Bolsonaro de designar o filho para a disputa presidencial. A lógica petista, conforme explicada por um auxiliar direto de Lula, parte do princípio de que Bolsonaro ainda detém o controle dos votos no espectro da direita e, por isso, a escolha de um nome da própria família para a sucessão seria quase inevitável.
Para esse ministro, a candidatura de Flávio é, na verdade, um projeto que visa consolidar uma sucessão dentro do bolsonarismo para daqui a uma década. A avaliação é categórica: "Bolsonaro sabe que a eleição de 2026 é de Lula. Lançou o filho agora de olho em 2030. É a sucessão", afirmou o auxiliar ao Radar.
O cálculo político por trás do lançamento precoce
A movimentação de lançar um candidato com tanta antecedência é interpretada pelo governo como um reconhecimento tácito da força eleitoral de Lula para a reeleição em 2026. Ao promover Flávio Bolsonaro agora, Jair Bolsonaro estaria iniciando um processo de construção de nome e legado para o filho, que teria tempo hábil para se fortalecer nacionalmente e amadurecer como alternativa viável para o eleitorado conservador no futuro.
Essa visão de longo prazo indicaria que, no curto prazo, a oposição bolsonarista não enxerga condições concretas de vitória contra Lula, que busca um novo mandato. O foco, portanto, se desloca para a formação de uma nova liderança que possa herdar o capital político do ex-presidente e comandar a direita brasileira na próxima década.
O que isso significa para a disputa de 2026?
A análise do ministro de Lula sugere que o campo bolsonarista pode entrar na corrida eleitoral de 2026 mais com o objetivo de marcar posição e testar a força do nome de Flávio Bolsonaro do que com expectativas reais de vitória. Tratar-se-ia de uma campanha de apresentação e consolidação, pavimentando o caminho para uma ofensiva mais robusta em 2030, quando Lula, constitucionalmente, não poderá ser candidato.
Essa perspectiva coloca um novo prisma sobre os próximos anos da política nacional. Enquanto o governo se prepara para defender sua gestão e a reeleição do presidente, a oposição inicia um jogo de xadrez de mais longo alcance, apostando na construção de uma dinastia política que possa perdurar além da figura de Jair Bolsonaro.
A pergunta que fica no ar, conforme ecoa a própria reportagem do Radar, é: Será? O tempo e as urnas dirão se a estratégia de sucessão familiar dentro do bolsonarismo encontrará eco no eleitorado brasileiro do futuro.