A Controladoria-Geral da União (CGU) encerrará o ano de 2025 com um marco expressivo em sua atuação de combate à corrupção e irregularidades. O órgão federal obteve uma receita de 1,2 bilhão de reais por meio do pagamento de multas decorrentes de acordos de leniência firmados com empresas.
O que são acordos de leniência e como funcionam
O instrumento da leniência é frequentemente comparado à delação premiada para pessoas físicas. Em resumo, empresas que são descobertas em atos ilícitos têm a oportunidade de negociar com o poder público. Em troca de confessar crimes de forma espontânea e cooperar com as investigações, elas podem obter benefícios judiciais e, como parte do acordo, se comprometem a pagar multas financeiras por suas infrações.
Em 2025, a CGU recebeu um total de sete propostas de negociação de companhias que foram flagradas em irregularidades. No entanto, apenas quatro dessas negociações foram efetivamente concluídas e resultaram nos pagamentos que compõem a cifra bilionária.
As empresas e os valores das multas pagas
Os dados atualizados até o final de novembro de 2025 revelam quais empresas contribuíram para esse montante e com quais valores. A lista é composta por companhias de diferentes portes e setores da economia.
Confira o detalhamento dos pagamentos:
- Estaleiro Jurong: foi a que pagou a multa mais elevada, no valor de 729 milhões de reais.
- Trafigura Beheer: contribuiu com 435 milhões de reais para os cofres públicos.
- Qualicorp: firmou acordo e pagou uma multa de 44 milhões de reais.
- Minerva S.A.: pagou 22 milhões de reais em multa.
A soma desses quatro acordos é justamente o que levou a CGU a atingir a marca histórica de 1,2 bilhão de reais em arrecadação com esse mecanismo no ano.
Impacto e significado do resultado para a fiscalização
O resultado financeiro expressivo demonstra a efetividade do acordo de leniência como uma ferramenta estratégica para o Estado. Ele serve não apenas como uma fonte de recursos, mas principalmente como um meio de desvendar esquemas complexos de corrupção e obter provas contra outros envolvidos.
Além do aspecto punitivo e reparatório, representado pelo pagamento em dinheiro, esses acordos costumam incluir compromissos de integridade e a implementação de programas de compliance rigorosos dentro das empresas signatárias. Isso tem um efeito preventivo, buscando evitar a repetição de condutas irregulares no futuro.
A atuação da CGU, sob o Governo Lula, com esse volume de arrecadação, sinaliza um reforço na política de transparência e no combate a ilícitos administrativos. O órgão, sediado em Brasília, consolida seu papel como peça-chave na defesa do patrimônio público e na promoção da ética na gestão.