Rússia acusa Ucrânia de ataque a residência de Putin sem apresentar provas
Rússia acusa Ucrânia de ataque a Putin sem provas

O governo russo afirmou que defesas aéreas do país abateram dezenas de drones que teriam como alvo uma das residências oficiais do presidente Vladimir Putin, mas não apresentou nenhuma evidência material para sustentar a acusação contra a Ucrânia. A alegação, feita pelo chanceler Serguei Lavrov, foi imediatamente classificada por Kiev como uma "mentira típica" e uma tentativa de sabotar as frágeis negociações de paz em andamento.

Ucrânia rebate e aponta padrão de desinformação

Em resposta direta às acusações, o chanceler ucraniano, Andrii Sybiha, declarou que Moscou não apresentou "nenhuma evidência plausível" do suposto ataque, que teria ocorrido na região de Novgorod. Sybiha afirmou que a narrativa russa segue um padrão conhecido: atribuir a outros ações que o próprio Kremlin estaria planejando executar.

O ministro também criticou a reação de países como Emirados Árabes Unidos, Índia e Paquistão, que expressaram preocupação com o episódio. Ele questionou por que essas nações não se pronunciaram de forma semelhante quando um míssil russo atingiu um prédio do governo ucraniano em setembro de 2025.

Momento delicado nas negociações de paz

A acusação surge em um momento extremamente sensível no cenário diplomático. Dois dias antes, no domingo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reuniu-se por quase três horas com Donald Trump na Flórida, Estados Unidos. O encontro teve como objetivo discutir um plano revisado de 20 pontos para encerrar o conflito, que se aproxima de completar quatro anos.

Após a reunião, Trump afirmou que Kiev e Moscou estariam "mais perto do que nunca" de um acordo, embora tenha reconhecido a existência de obstáculos, principalmente de natureza territorial. A Casa Branca descreveu uma conversa posterior entre Trump e Putin sobre o suposto ataque como "positiva".

Reações internacionais e risco de escalada

Enquanto isso, líderes europeus intensificam articulações. O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, anunciou conversas noturnas com outros chefes de governo e destacou que o sucesso das negociações depende de uma declaração clara dos EUA sobre garantias de segurança à Ucrânia. Zelensky pressiona por compromissos semelhantes ao Artigo 5º da Otan, enquanto Trump descarta o envio de tropas americanas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que o episódio levará a Rússia a endurecer sua posição nas negociações. No entanto, quando questionado sobre provas materiais do ataque, ele disse que a questão caberia ao Ministério da Defesa russo e se recusou a informar onde Putin estava no momento do suposto incidente.

Especialistas citados por agências como Reuters e Financial Times avaliam que a falta total de evidências públicas – como imagens, destroços ou relatos de danos – enfraquece drasticamente a narrativa russa. Para muitos analistas, o episódio tem características de uma operação informacional destinada a criar uma justificativa para ações mais duras ou para ganhar vantagem na mesa de negociações.

Organizações internacionais pedem cautela e transparência, alertando que uma escalada retórica baseada em alegações não comprovadas pode comprometer um raro momento de avanço diplomático no conflito entre Rússia e Ucrânia.