Apesar da oferta de planos mais baratos com publicidade, os valores das assinaturas de streaming de vídeo no Brasil apresentaram aumentos expressivos, chegando a triplicar em plataformas como Prime Video e Apple TV nos últimos anos. O fenômeno, contudo, não parece esfriar o interesse dos consumidores. Uma pesquisa realizada em agosto pela Vindi e pelo Opinion Box revelou que 48% dos brasileiros planejam elevar seus gastos com esses serviços até 2030.
Rejeição aos anúncios e aumento dos preços
O estudo também apontou uma contradição no mercado: 58% dos entrevistados se disseram contra a exibição de anúncios nas plataformas. A inserção de comerciais, que começou a ganhar força por volta de 2022 como uma resposta das empresas a dívidas elevadas, foi criticada por muitos usuários. Para eles, as mudanças vão contra a proposta original de maior autonomia para o espectador, distanciando-se do modelo da TV tradicional.
Até mesmo nos planos com anúncios, há limitações. A Netflix, serviço com mais assinantes no país, vende seu plano básico com publicidade por R$ 20,90. No entanto, essa opção altera a disponibilidade de alguns títulos, cujos contratos de licenciamento, segundo a empresa, não autorizam a exibição junto a propagandas.
Análise dos aumentos por plataforma
Os reajustes foram generalizados e, em muitos casos, superaram a inflação do período. Confira a evolução dos preços das principais plataformas:
Netflix
Pioneira no Brasil a partir de 2011, a Netflix é a que mais alterou sua tabela de preços. Chegou ao país com um plano padrão a R$ 14,90. Após uma série de aumentos, em 2025 seu plano padrão custa R$ 44,90 e o premium, R$ 59,90. O plano básico com anúncios está em R$ 20,90. De 2011 a 2025, a opção padrão teve um aumento de 201%, efetivamente triplicando de valor.
Globoplay
O serviço da Globo, lançado em 2015, sempre exibiu anúncios em seu plano padrão. Começou com uma assinatura de R$ 12,90. Em 2025, a inscrição com anúncios custa R$ 22,90, e o plano padrão (agora unificado com o premium) sai por R$ 39,90. O aumento do plano padrão na última década foi de 77,52%.
Prime Video
O serviço da Amazon chegou ao Brasil em dezembro de 2016. Em 2019, a assinatura mensal foi fixada em R$ 9,90. Em 2024, o valor da assinatura padrão subiu para R$ 29,90, e um plano com anúncios foi criado por R$ 19,90. Desde 2019, o preço triplicou, com um aumento de 202%.
Apple TV+
Disponível no Brasil desde 2019 por R$ 9,90, o streaming da Apple passou a custar R$ 14,90 em 2022 e, em 2025, foi reajustado para R$ 29,90. Assim como o Prime Video, seu valor também triplicou, com alta de 202%. É o único entre os principais que ainda não oferece uma opção com anúncios, e a empresa afirma não ter planos para mudar isso.
Disney+
Chegou em 2020 custando R$ 27,90. Em 2025, o plano padrão está em R$ 46,90. Oferece um plano básico com anúncios pelo preço original de 2020 (R$ 27,90) e um premium que inclui conteúdo da ESPN por R$ 66,90. O aumento do plano padrão entre 2020 e 2025 foi de 68%.
HBO Max
Entrou no mercado brasileiro em 2021. Seu plano Standard (antigo multitelas) custava R$ 27,90 e hoje está em R$ 39,90, um aumento de 61%. A plataforma também oferece um plano básico com anúncios por R$ 29,90 e uma opção platinum em 4K por R$ 55,90.
Cenário internacional e perspectivas futuras
A tendência de alta não é exclusividade do Brasil. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do The Wall Street Journal mostrou que, desde 2019, o Disney+ liderou os aumentos com alta de 172%, seguido pelo Apple TV+ (160%). Netflix e HBO Max tiveram altas de 38% e 23%, respectivamente.
No cenário brasileiro, apesar dos reajustes significativos e da resistência à publicidade, a intenção de consumo permanece forte. Os dados do estudo sugerem que o streaming se consolidou como um gasto prioritário no orçamento de muitas famílias, mesmo em um contexto de preços em ascensão. A possível compra da Warner Bros. pela Netflix, ainda sob análise regulatória, é um fator que pode trazer novas mudanças ao mercado, mas por enquanto não há planos anunciados de alterações de preços decorrentes dessa operação.