O Centro-Oeste brasileiro se consolidou como a região de maior crescimento econômico no país em 2025, de acordo com os dados mais recentes do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR). As informações, divulgadas nesta sexta-feira, 26 de dezembro, revelam um cenário de contrastes entre as regiões, com o agronegócio atuando como principal motor do desempenho positivo.
Desempenho regional em destaque
No acumulado do ano até outubro, o índice do Centro-Oeste registrou uma alta expressiva de 5,8%. Em seguida, aparecem a região Norte, com avanço de 3,4%, o Sul com 2,9% e o Nordeste com 2,1%. O Sudeste apresentou o menor crescimento, ficando em 1,6% no mesmo período.
Analisando os últimos doze meses até outubro, a liderança do Centro-Oeste se mantém, com um crescimento de 5,9%. A sequência é a seguinte: Norte (3,9%), Sul (3,3%), Nordeste (2,5%) e Sudeste (1,6%). Todos esses números já consideram os ajustes para efeitos sazonais.
Sinal de desaceleração nos dados mensais
Apesar do bom desempenho no acumulado do ano, os dados mensais dessazonalizados acendem um alerta. Eles mostram uma queda na atividade econômica na maioria das regiões em outubro. Curiosamente, a região que mais cresceu no ano foi a que teve a maior retração no mês: o Centro-Oeste recuou 2,2%.
O Sul registrou queda de 0,6%, seguido pelo Sudeste (-0,1%). O Nordeste teve uma leve alta de 0,1%, e o Norte foi a única região com um crescimento mensal mais significativo, de 0,5%.
O papel do agronegócio e o impacto dos juros
O forte desempenho do Centro-Oeste está diretamente ligado ao agronegócio, setor que tem puxado a prévia do PIB nacional. A região, conhecida como o celeiro do país, se beneficia da alta produção e dos preços internacionais das commodities.
Por outro lado, os dados mensais reforçam os efeitos da política monetária restritiva. Com a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, o crédito fica mais caro, o que desacelera o consumo e os investimentos. O IBC-BR é um importante termômetro para o mercado e ajuda a calibrar as expectativas sobre futuros cortes na Selic.
O último boletim Focus, que reúne projeções de instituições financeiras, indica que os juros devem fechar 2026 em 12,25% ao ano, uma redução de 2,75 pontos percentuais. Essa perspectiva de afrouxamento monetário visa justamente aliviar a pressão sobre a economia.
As estimativas do mercado para o crescimento do PIB são de 2,26% em 2025, com uma desaceleração para 1,8% projetada para 2026. Os números regionais do IBC-BR ajudam a entender como essa dinâmica se distribui pelo território nacional, destacando a resistência do agronegócio em meio a um cenário macroeconômico desafiador.