O estado do Amazonas viveu um ano de luto e saudade em 2025, com a partida de oito figuras emblemáticas que marcaram a cultura, a religião, o esporte e a política local. De sambistas consagrados a guardiões do patrimônio histórico, suas histórias se entrelaçam com a identidade do povo amazonense, deixando um vazio e um legado inestimável. Esta retrospectiva homenageia suas trajetórias e o impacto de suas vidas.
Artistas e guardiões da cultura
O mundo do samba brasileiro perdeu uma de suas vozes com a morte do compositor Paulo Onça, aos 63 anos, no dia 26 de maio. O sambista, cujo nome verdadeiro era Paulo Juvêncio de Melo Israel, faleceu após cinco meses internado devido às consequências de uma agressão sofrida depois de um acidente de trânsito. Parceiro de gigantes como Jorge Aragão e Zeca Pagodinho e compositor da escola de samba Grande Rio, Paulo Onça deixou uma contribuição profunda para o carnaval e a música popular.
Outro baque para a cena cultural foi a morte de Raimundo Nonato Pereira, o Seo Nonato, em 3 de junho, aos 89 anos. Funcionário mais antigo do Teatro Amazonas, ele faleceu em Manaus por complicações de saúde. Nonato era uma figura histórica, símbolo da dedicação ao patrimônio cultural, tendo trabalhado por décadas na manutenção e preservação do teatro, inspirando gerações de artistas e visitantes.
O compositor, escritor e pesquisador Daniel Salles também nos deixou precocemente, em 16 de novembro, aos 62 anos, vítima de complicações cardíacas. Respeitado intelectual e referência nos estudos do folclore regional, Salles dedicou sua vida a valorizar as tradições do Amazonas, especialmente as ligadas ao universo do boi-bumbá.
Vozes, fé e esporte: outras perdas irreparáveis
A música amazonense chorou ainda a perda de dois talentos. Elias Moreira, de 39 anos, que ganhou projeção nacional ao participar do programa The Voice Brasil, faleceu em 3 de setembro em Manaus. Ele sofria de problemas renais crônicos e teve uma parada cardiorrespiratória. Já a cantora Eva Rodrigues (Eveline Rodrigues Praia Walkey), de 41 anos, faleceu em 18 de novembro após uma longa batalha de quase cinco anos contra as sequelas da Covid-19. Sua história de resistência inspirou milhares de pessoas pelo país.
No campo religioso, a Arquidiocese de Manaus anunciou com pesar a morte do padre Orlando Barbosa, aos 55 anos, no dia 19 de julho. Pároco da Paróquia de São Francisco, ele era conhecido por seu intenso trabalho pastoral e comunitário e faleceu devido a uma pneumonia que evoluiu para insuficiência respiratória.
O esporte e a tradição de Parintins também foram atingidos. A advogada e atleta Anna Sol Faria, irmã do amo do Boi Garantido, morreu no dia 2 de novembro, aos 34 anos. Ela sofreu um infarto durante uma corrida de rua em São Paulo, associado a uma condição cardíaca congênita. O ex-lutador de MMA Gerônimo 'Mondragon', de 38 anos, desapareceu durante um mergulho no Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira, em dezembro, sendo dada como morta. Ele era uma figura conhecida nos octógonos e representava o Amazonas em competições.
Figuras públicas e o legado deixado
A política local também perdeu uma de suas expressões. O ex-vereador Francisco Marques, de 77 anos, morreu em 15 de junho, em Manaus, vítima de complicações de saúde. Com uma trajetória marcada nas décadas de 1980 e 1990, Marques era reconhecido por sua atuação em defesa de causas sociais e por seu forte vínculo com a comunidade.
A passagem de cada uma dessas personalidades pelo Amazonas não foi em vão. Elas moldaram, com sua arte, sua fé, seu trabalho e seu suor, a paisagem humana e cultural do estado. Suas histórias de superação, dedicação e talento continuarão a ecoar, servindo de inspiração e memória afetiva para todos os amazonenses. O ano de 2025 ficará registrado não apenas pelas perdas, mas pela celebração de vidas que, cada uma à sua maneira, fizeram a diferença.