Morte suspeita em clínica de Ribeirão: família diz que dependente químico foi espancado
Paciente é encontrado morto em clínica de reabilitação em SP

A Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação para apurar a morte de um paciente dentro de uma clínica de reabilitação em Ribeirão Preto. O caso, registrado no último fim de semana, envolve Wildson Cardoso Felipini, de 30 anos, que foi encontrado sem vida nas dependências do Instituto Terapêutico Redentor, localizado no Jardim Paulistano, zona leste da cidade.

Família contesta versão inicial e relata marcas de violência

Inicialmente, os familiares de Wildson foram informados de que ele havia sofrido uma parada cardíaca. No entanto, ao verem o corpo no velório, a narrativa mudou completamente. A irmã da vítima, a vendedora Daiara Duarte do Nascimento, descreveu cenas chocantes. "Dava para ver que foi espancado. Tinha muitos roxos na testa, o olho dele estava bem roxo. No velório a gente olhou o corpo, tinha muitas marcas de corte no braço, tipo que ele foi se defender", relatou ela, exigindo justiça e explicações.

O irmão de Wildson, Edmilson Felipini Júnior, confirmou os sinais de agressão. "A gente chegou, levantou os braços dele, cheios de esparadrapos, os dedos todos machucados, como se estivesse se defendendo", afirmou. A certidão de óbito, emitida pelo Instituto Médico Legal (IML), apontou como causas da morte hemorragia, fratura de base de crânio, traumatismo cranioencefálico e edema pulmonar, lesões compatíveis com violência física.

Clínica se pronuncia e caso é tratado como morte suspeita

Em nota à imprensa, o Instituto Terapêutico Redentor informou que tentou prestar os primeiros socorros a Wildson, com orientação do Corpo de Bombeiros, mas não obteve sucesso. A instituição afirmou ainda que acionou a polícia imediatamente após o ocorrido, que registrou um boletim de ocorrência e liberou o corpo para o IML. A clínica também mencionou que familiares, posteriormente, tentaram invadir o local, necessitando da intervenção policial.

Procurada para se manifestar sobre as acusações de espancamento, a clínica não atendeu a equipe de reportagem. A Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto informou que a clínica possui licença para funcionar e que, até a última terça-feira, não tinha registros de outras ocorrências contra a instituição.

Histórico do paciente e busca por justiça

Wildson, que lutava contra a dependência química, havia sido internado na clínica no dia de Natal, 25 de dezembro. A família pagava R$ 2 mil por mês pelo tratamento na unidade localizada na Rua João Bim. Apenas dois dias depois, na madrugada do sábado (27), veio a notícia de sua morte.

A família alega ainda que pessoas que trabalham próximo ao local relataram ter ouvido gritos vindo de dentro da clínica no fim de semana. "Os próprios frentistas, que têm um posto de gasolina na frente da clínica, falaram que tinha acontecido uma briga por volta do dia 26 a partir das quatro horas da tarde, com muitos gritos", disseram os parentes. Eles também citam uma troca de mensagens na qual um dos responsáveis pela clínica teria confirmado que Wildson foi espancado e morto por outro interno.

O caso é investigado pelo 8º Distrito Policial de Ribeirão Preto como morte suspeita. A família se diz revoltada e determinada a buscar responsabilização. "Revolta, revolta, só isso. E a gente quer justiça, porque a gente vai procurar justiça até o fim. O mínimo que a gente quer é que aquela clínica seja responsabilizada", declarou o irmão da vítima.