Mulher é investigada por injúria racial contra casal paulista em BH
Investigação por injúria racial contra casal em BH

A Polícia Civil de Minas Gerais abriu um inquérito para investigar um novo caso de injúria racial ocorrido em Belo Horizonte. O fato aconteceu no último domingo, 28 de abril de 2025, no hall de um prédio no Centro da capital mineira, e teve como vítimas um casal natural de São Paulo.

Detalhes do ataque racista no hall do prédio

As vítimas foram identificadas como Eneida Aparecida Gusmão, de 43 anos, e Fábio dos Santos Bouças, de 51. Eles estavam na cidade para passar alguns dias no apartamento do filho. No local, foram agredidos verbalmente por Natália Burza Gomes Dupin, de 42 anos, conforme registrado pelas câmeras de segurança do condomínio.

De acordo com o boletim de ocorrência, o primeiro gesto da suspeita ao avistar o casal foi cuspir no chão. Minutos depois, quando desceu para buscar uma encomenda e o casal se dirigia ao elevador, Natália proferiu a ofensa em voz alta: "Eu tenho nojo de preto, Fabiano". O episódio ocorreu sem a presença de outras testemunhas no hall.

Histórico criminal e investigação em andamento

Este não é o primeiro incidente do tipo envolvendo a mesma suspeita. Em dezembro de 2019, Natália já havia sido presa em flagrante por injúria racial contra um taxista, também na capital mineira. Na ocasião, ela afirmou ao profissional que "não andava com preto", cuspiu em seu pé e declarou: "Eu não gosto de negro, sou racista, sou racista mesmo".

Naquele caso, após passar uma noite no sistema prisional, ela foi solta mediante o pagamento de uma fiança de R$ 10 mil. A família da mulher divulgou uma nota à época, pedindo desculpas e alegando que ela sofre de uma doença mental que altera seu comportamento, causa neurose e atitudes agressivas.

No caso atual, a Polícia Civil informou que o inquérito foi instaurado na Delegacia Especializada em Investigação de Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas de Belo Horizonte. Todas as partes envolvidas serão ouvidas nos próximos dias.

Vítimas buscam justiça e condenam o racismo

Em entrevista à TV Globo, a psicóloga e pesquisadora Eneida Aparecida Gusmão expressou sua revolta e a esperança por justiça. Ela destacou a natureza gratuita do ódio racial. "A motivação do racista é a existência do negro, não existe nenhuma outra motivação, é gratuito mesmo. A presença do negro incomoda, sobretudo em lugares onde teoricamente ele não deveria estar", afirmou.

Eneida ressaltou ainda a necessidade de combater e denunciar tais atos: "Então, é absurdo, precisa ser combatido e denunciado. [...] A gente não pode admitir que isso aconteça em pleno 2025". A defesa de Natália Dupin, por sua vez, foi procurada pelo g1 e afirmou "desconhecer os fatos" narrados no boletim de ocorrência.

O caso reacende o debate sobre a eficácia das penalidades para crimes de injúria racial e a reincidência, colocando em foco a atuação da justiça e as medidas necessárias para coibir a discriminação racial no Brasil.