Ex-diretor de necrotério de Harvard condenado a 8 anos por tráfico de corpos
Ex-diretor de Harvard condenado por tráfico de corpos

Um antigo responsável pelo necrotério da conceituada Harvard Medical School foi condenado a uma longa pena de prisão por crimes que chocaram a comunidade científica e o público em geral. Cedric Lodge, o ex-diretor da instituição, recebeu uma sentença de oito anos de cadeia por liderar uma rede de tráfico de partes de corpos humanos que eram doados para pesquisas médicas.

Os detalhes do esquema macabro

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos detalhou que, entre os anos de 2018 e março de 2020, Cedric Lodge operou um esquema ilegal de venda de restos mortais. Ele e sua esposa, Denise Lodge, transportavam pedaços de corpos da escola de medicina, localizada perto de Boston, para sua casa em Goffstown, New Hampshire, e para outros pontos em Massachusetts e Pensilvânia.

Os itens traficados incluíam uma variedade horripilante: órgãos internos, cérebros, pele, mãos, rostos e até cabeças dissecadas. O ex-funcionário de Harvard vendia os cadáveres da instituição sem qualquer autorização, fechando os acordos por telefone ou através de redes sociais. Após a venda, os pacotes eram enviados aos compradores via serviço postal dos EUA, ou os clientes retiravam a mercadoria pessoalmente.

Os compradores e os valores envolvidos

Entre os clientes do esquema estava Katrina MacLean, de 44 anos, proprietária de um estabelecimento chamado Kate’s Creepy Creations ("As Criações Macabras de Kate"), em Peabody, Massachusetts. A loja, descrita como um "gabinete de curiosidades", vendia itens como bonecas e antiguidades ligadas à morte, e ela mantinha restos humanos no local. Em outubro de 2020, ela chegou a comprar duas cabeças dissecadas de Cedric Lodge.

Outro comprador, Joshua Taylor, de 46 anos e também da Pensilvânia, gastou milhares de dólares ao longo de três anos. Ele realizou 39 pagamentos para a conta PayPal de Cedric Lodge, totalizando aproximadamente US$ 37.355 (cerca de R$ 190,5 mil na cotação atual). Em algumas transações, os pacotes eram identificados de forma sinistra, como "Head number 7" ("cabeça número 7").

As condenações e o impacto

Vários envolvidos na rede já foram condenados. A esposa de Cedric, Denise Lodge, recebeu uma pena de um ano e um dia de prisão por facilitar a venda dos órgãos roubados. A Justiça americana foi enfática ao afirmar que os restos mortais eram vendidos "sem o conhecimento nem a autorização do empregador, do doador ou da família do doador".

Wayne A. Jacobs, agente especial do FBI na Filadélfia, declarou que a sentença é um passo crucial para garantir que os responsáveis por este crime hediondo sejam levados à Justiça. Investigadores também revelaram que muitas das partes vendidas por Lodge foram posteriormente revendidas por terceiros com fins lucrativos, ampliando o alcance do esquema.

O caso, que veio à tona com a prisão do casal em maio de 2023, expôs uma falha grave no sistema de controle de um dos centros de pesquisa médica mais prestigiados do mundo e violou a confiança pública e a dignidade dos doadores e suas famílias.