A Justiça dos Estados Unidos tornou públicos milhares de documentos do inquérito envolvendo o financista Jeffrey Epstein, acusado de comandar uma rede de exploração sexual de menores. A divulgação, que ocorreu sob pressão do Congresso americano, revela um mundo de luxo e proximidade com figuras poderosas, reacendendo debates e questionamentos sobre o alcance dos crimes.
O Conteúdo dos Arquivos e as Celebridades Envolvidas
O conjunto de documentos contém milhares de arquivos e centenas de fotos, incluindo registros telefônicos, entrevistas com vítimas e diários de viagem. Entre as imagens, destacam-se personalidades como o ex-presidente Bill Clinton, o músico Mick Jagger, a cantora Diana Ross e o ex-príncipe Andrew do Reino Unido. O astro Michael Jackson também aparece nos registros.
As fotografias que mais chamaram a atenção são as de Bill Clinton. Nelas, o ex-presidente aparece em situações íntimas: em uma banheira ao lado de uma mulher com a identidade protegida, abraçado a uma jovem dentro do que parece ser um avião particular, e também ao lado do próprio Jeffrey Epstein.
A Pressão Política e a Quebra de Promessa
A divulgação dos arquivos foi resultado de uma lei aprovada pelo Congresso dos EUA no mês passado, que obrigou o Departamento de Justiça a liberar os documentos. O presidente Donald Trump, que durante sua campanha prometeu tornar públicos os arquivos do caso Epstein, não cumpriu a promessa após ser eleito. Sob pressão de opositores, aliados e até de sua própria base, Trump acabou sancionando a lei.
Um porta-voz da Casa Branca afirmou que a ação fez deste governo "o mais transparente da história", embora a iniciativa tenha partido do Legislativo, e não do Executivo. Em contrapartida, um representante de Bill Clinton sugeriu que a divulgação seria uma tentativa de desviar a atenção da relação entre Trump e Epstein.
Sigilo, Indignação e Investigação em Andamento
O Departamento de Justiça admitiu que divulgou apenas uma parte dos arquivos e prometeu liberar mais nas próximas semanas. Muitas páginas aparecem censuradas, pois a legislação permite manter o sigilo para proteger as vítimas e não comprometer investigações que ainda estão em curso.
Apesar das ressalvas legais, a revelação gerou mais indignação do que respostas. Aparecer nos arquivos não significa envolvimento direto com os crimes, mas as fotos íntimas e a convivência próxima com Epstein reforçam um questionamento persistente: até que ponto outros homens poderosos estariam envolvidos no esquema criminoso?
Jeffrey Epstein, que aguardava julgamento pelas acusações de exploração sexual de menores, foi encontrado morto em sua cela em 2019, em um caso classificado como suicídio. Sua vida de luxo, como um "bon vivant" cercado pela elite americana, continua no centro de um dos escândalos mais obscuros da história recente.