Aruna, gêmea siamesa separada em Goiânia, morre 7 meses após a irmã
Morre gêmea siamesa Aruna, separada em Goiânia

A pequena Aruna Rodrigues, uma das gêmeas siamesas submetidas a uma complexa cirurgia de separação em Goiânia, faleceu na tarde desta quarta-feira, 24 de dezembro. A informação foi confirmada pelo pai das crianças, Alessandro Rodrigues. A morte ocorre sete meses após o falecimento de sua irmã, Kiraz, que não resistiu às complicações pós-operatórias e morreu apenas dez dias após a histórica intervenção cirúrgica.

Homenagem emocionada da mãe

Liliane Cristina da Silva, mãe das gêmeas, usou as redes sociais para prestar uma dolorosa homenagem à filha. Em uma publicação, ela compartilhou uma foto do pequeno caixão de Aruna, coberto por muitas flores, acompanhada da mensagem: “Aruninha, minha filha, mamãe te ama muito”. O perfil da família, criado para acompanhar a jornada das meninas, também registrou o momento de despedida.

Em um vídeo, o pai, Alessandro Rodrigues, detalhou os últimos momentos. Ele contou que a bebê havia apresentado uma melhora significativa, o que permitiu sua transferência da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a enfermaria do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad). No entanto, a menina contraiu uma infecção. “A neném passou por vários procedimentos, várias cirurgias, e ela conseguiu superar todas. Infelizmente, ela não superou essa última”, declarou, emocionado.

Longa batalha hospitalar e complicações finais

Em nota oficial, o Hecad lamentou profundamente o óbito e detalhou a trajetória de Aruna. A instituição informou que a criança foi acompanhada diariamente por uma equipe especializada ao longo de mais de sete meses. Após a cirurgia de separação, realizada em 10 de maio, Aruna passou por diversas intervenções cirúrgicas adicionais para apoiar sua recuperação.

O hospital confirmou que, no início de dezembro, a menina teve uma evolução positiva, sendo transferida para a enfermaria no dia 10. Contudo, dias depois, ela apresentou graves complicações respiratórias, precisando ser levada de volta à UTI. Lá, foi diagnosticada com uma infecção viral. Apesar de todos os esforços da equipe médica, Aruna não resistiu e faleceu às 15h51, vítima de um choque séptico.

Uma cirurgia histórica e a primeira perda

As irmãs Kiraz e Aruna, nascidas em Igaraçu do Tietê, no interior de São Paulo, eram unidas pelo tórax, abdômen e bacia. Com um ano e seis meses de vida, elas foram submetidas a uma delicada e extensa cirurgia de separação, que durou mais de 20 horas. O procedimento, liderado pelo cirurgião Dr. Zacharias Calil, mobilizou uma equipe multidisciplinar de mais de 50 profissionais, incluindo 16 especialistas de diversas áreas.

Na época, o médico destacou que a parte mais complexa foi a divisão da membrana que envolvia os dois corações. “A maior preocupação que eu tive foi em relação à parte do tórax. Nós tivemos que dividir aquela membrana do coração, e quando você abre, expõe os dois corações”, explicou em entrevista.

A primeira perda da família aconteceu em maio, quando Kiraz não resistiu. Os pais também prestaram uma homenagem online à filha, com a mensagem: “Descanse em paz, filha!”. Desde então, Aruna continuou sua luta na UTI, passando por novos procedimentos, o último deles em outubro, até o desfecho trágico na véspera de Natal.