Paciente faz crochê durante cirurgia cerebral para retirar tumor no PR
Mulher faz crochê durante cirurgia no cérebro no Paraná

Uma agricultora do Paraná realizou uma tarefa incomum durante uma delicada cirurgia no cérebro: fazer crochê. O caso ocorreu em Cascavel, no oeste do estado, e marcou a primeira vez que um procedimento desse tipo foi realizado no Hospital do Câncer Uopeccan.

Procedimento exige paciente consciente

Elidamaris Ferreira Martins Galter, diagnosticada com câncer de mama em 2023, precisou passar pela cirurgia após a doença entrar em metástase e atingir pontos do cérebro. Antes da operação, ela também passou por sessões de quimioterapia.

O neurocirurgião Bruno Amorim explicou a necessidade de manter a paciente acordada. A metástase estava localizada na área responsável pela fala e o inchaço ao redor da lesão também afetava a região do movimento. "Quando nós temos lesões nessas regiões, essa cirurgia acordada faz com que a gente controle todas as funções da paciente durante a cirurgia, em tempo real", afirmou o médico.

Crochê como ferramenta de calma e monitoramento

Durante procedimentos com o paciente consciente, a equipe médica solicita que a pessoa execute uma atividade de sua preferência para monitorar funções como fala, raciocínio e coordenação motora. No caso de Elidamaris, a escolha foi o crochê.

Além de auxiliar no monitoramento, a atividade artesanal ajudou a agricultora a manter a tranquilidade. "O doutor perguntou se eu era tranquila, porque para fazer esse tipo de cirurgia a pessoa precisa ser tranquila. Na hora de acordar, a pessoa não pode ficar apavorada, querer sair, levantar", contou Elidamaris sobre a conversa pré-operatória.

A cirurgia, realizada em novembro deste ano, foi precedida por uma avaliação detalhada do comportamento, capacidade de atenção e resposta a comandos da paciente.

Entendendo a metástase cerebral

A metástase ocorre quando células cancerígenas se espalham do tumor original para outras partes do corpo. No câncer de mama, essas células podem viajar pela corrente sanguínea ou sistema linfático e se instalar em órgãos como o cérebro, formando novos tumores.

Durante a cirurgia, o médico detalhou como é feito o mapeamento cerebral: "Nós usamos alguns eletrodos, alguns estímulos, e vamos testando toda a superfície dele [cérebro]. E aí a gente vai identificando: essa daqui é a área do movimento da mão, essa daqui é do movimento da face, essa outra é a área da fala".

Amorim também esclareceu que o cérebro não é anestesiado, pois não possui receptores de dor. O desconforto fica restrito à pele e membranas ao redor, que recebem anestesia local.

Tratamento continua após sucesso cirúrgico

A cirurgia foi um sucesso e Elidamaris agora continua seu tratamento contra o câncer com sessões de radioterapia. A agricultora demonstra resiliência e otimismo. "Não é fácil, mas a gente nunca para, não desiste. Fico feliz, porque tá dando certo", declarou.

O caso ilustra os avanços das técnicas neurocirúrgicas e a importância da colaboração do paciente, que pode contribuir ativamente para o sucesso do procedimento com uma atividade simples e pessoal, como fazer crochê.