Neste domingo, 28 de dezembro de 2025, os olhos do mundo se voltam para a Flórida, nos Estados Unidos. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, desembarcou em Miami para um encontro crucial com o presidente norte-americano, Donald Trump. A reunião, marcada para as 15h no horário de Brasília, ocorre na residência de Trump em Mar-a-Lago e tem como objetivo central avançar nas negociações pela paz na Ucrânia, após quase quatro anos de conflito com a Rússia.
Diplomacia sob fogo: reunião ocorre em meio a ataques
O encontro diplomático acontece em um cenário de extrema tensão militar. Enquanto os líderes se preparavam para dialogar, a Rússia intensificou seus ataques contra território ucraniano. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Zelensky mostrou cenas de destruição causadas por drones, bombas e mísseis russos.
De acordo com o presidente ucraniano, apenas na última semana, mais de 2.100 drones, cerca de 800 bombas aéreas guiadas e 94 mísseis foram lançados sobre a Ucrânia. Os alvos, segundo suas acusações, foram a população civil e a infraestrutura energética, essencial para a normalidade do dia a dia no país.
"A Rússia não quer a paz", afirmou Zelensky, contextualizando a dificuldade das tratativas. Antes da reunião com Trump, o líder ucraniano já havia conversado por telefone com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para discutir a situação na linha de frente. Um porta-voz de Zelensky adiantou que, durante o encontro na Flórida, os dois presidentes também falarão por telefone com outros líderes europeus.
Os pontos sensíveis da negociação
A pauta em Mar-a-Lago é complexa e envolve questões consideradas intransigentes por ambos os lados. Dois temas são especialmente delicados: o futuro da região de Donbas, no leste da Ucrânia, e o controle da usina nuclear de Zaporizhzhia, atualmente ocupada pelas forças russas.
A Rússia controla aproximadamente 20% do território ucraniano, incluindo 90% da região de Donbas. O controle desta área é visto como um dos maiores obstáculos para um acordo. Zelensky, no entanto, já sinalizou uma possível alternativa: o estabelecimento de uma "zona econômica livre" na região, uma proposta que pode estar sobre a mesa durante as conversas.
O novo plano de paz de 20 pontos
O cerne da discussão é um novo plano de paz, revisado pela Ucrânia, que contém vinte pontos estratégicos. Este documento substitui uma proposta anterior, elaborada pelo enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, que possuía 28 pontos.
A versão anterior foi considerada muito favorável aos interesses do presidente russo, Vladimir Putin, o que levou à sua reformulação. Os detalhes do novo plano de 20 pontos não foram totalmente divulgados, mas sabe-se que ele busca um equilíbrio mais justo para garantir a soberania e a segurança da Ucrânia, enquanto tenta criar um caminho para a desescalada do conflito.
Zelensky expressou cauteloso otimismo sobre o momento diplomático. "Estes são alguns dos dias mais movimentados do ano em termos diplomáticos, e muita coisa pode ser decidida antes do ano novo", escreveu ele neste domingo. O presidente complementou: "Estamos fazendo tudo nesse sentido, mas a tomada de decisões depende dos nossos parceiros – aqueles que ajudam a Ucrânia e aqueles que pressionam a Rússia".
A reunião em Mar-a-Lago representa mais um capítulo intenso na longa busca pelo fim da guerra. O resultado das conversas entre Trump e Zelensky pode definir o rumo não apenas para a Ucrânia, mas para a geopolítica global nos primeiros momentos de 2026.