Sem títulos em 2025, Palmeiras vê oposição crescer contra Leila Pereira
Oposição ao Palmeiras se une após ano sem títulos

O ano de 2025 entrou para a história recente do Palmeiras como o primeiro sem a conquista de troféus desde que Leila Pereira assumiu a presidência do clube, em dezembro de 2021. A seca de títulos, justamente no período de maior investimento financeiro no futebol, estimulou vozes de oposição que estavam abafadas pelos sucessos esportivos anteriores.

Investimento alto e frustração esportiva

A falta de retorno esportivo para um investimento que chegou a cerca de R$ 700 milhões se tornou o principal argumento dos grupos que se opõem à atual gestão. Após anos dispersos e com pouca articulação, esses setores enxergaram na frustração da temporada a oportunidade de se unirem. O alvo principal é o projeto da presidente de buscar um terceiro mandato à frente da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Atualmente, o estatuto do clube permite apenas uma reeleição. O segundo mandato de Leila Pereira vai até o final de 2027. Para permanecer no cargo até 2030, ela depende de uma alteração estatutária, um movimento que já foi chamado de "golpe" por seus opositores. A própria presidente defendeu a possibilidade, citando o exemplo do Real Madrid, de forma irônica: "Essa questão de alternância de poder não acontece no Real Madrid. O presidente está lá há 20 anos. O Real Madrid é um clube pequeno, sabe? E nem um pouco vitorioso...".

O amargo gosto das derrotas

O Palmeiras de 2025 colecionou frustrações em praticamente todas as frentes. A última chance de salvar a temporada foi perdida na final da Copa Libertadores, em novembro, com uma derrota por 1 a 0 para o Flamengo. O vice-campeonato no Brasileirão também ficou com o rival rubro-negro.

O ano ainda reservou duras pancadas do arquirrival Corinthians, que venceu o Palmeiras na decisão do Campeonato Paulista e nas oitavas de final da Copa do Brasil. Na Copa do Mundo de Clubes, a campanha foi interrompida nas quartas de final pelo Chelsea.

A sequência de fracassos levou Leila Pereira a um longo desabafo, de mais de dez minutos, durante reunião do conselho para aprovação do orçamento de 2026. Ela admitiu o "gosto amargo" após a Libertadores e não poupou críticas ao elenco, destacando que o time, comandado por Abel Ferreira, não acertou um chute a gol durante a decisão continental.

"Como que eu posso querer ganhar a Libertadores se meus jogadores não deram um chute a gol?", questionou. "Investi o que eu pude, mas eles não tiveram a capacidade de dar um chute a gol", completou, reclamando também dos tropeços nas rodadas finais do Brasileirão.

A batalha política pelo terceiro mandato

O descontentamento com os resultados em campo se transformou em combustível para a oposição interna. Para viabilizar a mudança no estatuto e garantir seu projeto de continuidade, Leila busca apoio de figuras influentes da política palmeirense. Dois ex-presidentes, Mustafá Contursi (1993-2005) e Arnaldo Tirone (2011-2013), atuam para convencer conselheiros.

A alteração requer maioria tanto no Conselho Deliberativo quanto em votação com todos os associados. Na última eleição, Leila venceu com facilidade, mas agora a oposição tenta se organizar para frear sua nova investida. O último título do Palmeiras continua sendo o Campeonato Paulista de 2024, um fato que ecoa cada vez mais forte nos corredores da sede social.