Uma nova pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada no último domingo (28), traça um retrato atual da preferência partidária dos brasileiros e reforça a clivagem política que marca o país. O Partido dos Trabalhadores (PT) se mantém na liderança, sendo a sigla favorita para 24% da população. Em segundo lugar, aparece o Partido Liberal (PL), com 12% das menções, alcançando seu maior patamar histórico desde que passou a ser citado nas pesquisas.
PT mantém hegemonia, enquanto PL cresce e consolida segundo lugar
O levantamento, realizado entre os dias 2 e 4 de dezembro com 2.002 entrevistados em 113 municípios, tem margem de erro de 2 pontos percentuais. Os números confirmam a força eleitoral do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera a preferência desde o fim dos anos 1990. Na série histórica iniciada em 1989, a única vez que o PT não ficou em primeiro lugar foi quando foi superado pelo PMDB, que na década de 1990 chegou a ser o preferido de 19% dos brasileiros. Atualmente, essa legenda é citada por apenas 2%.
Por outro lado, o PL, cujo grande expoente é o ex-presidente Jair Bolsonaro, viu sua trajetória de crescimento se acelerar. A sigla passou a ser mencionada de forma consistente no fim de 2021, pouco após a filiação de Bolsonaro, quando tinha apenas 1% da preferência. O percentual saltou para dois dígitos no ano seguinte, durante a campanha eleitoral, e agora atinge seu recorde de 12%, consolidando a legenda como a segunda força na preferência nacional e espelhando a polarização entre esquerda e direita que se intensificou a partir de 2018.
Maioria sem partido: um fenômeno que persiste há 26 anos
Apesar do domínio claro das duas principais siglas, o dado mais expressivo da pesquisa vai para um grupo que está além da disputa partidária tradicional. Quatro em cada dez brasileiros (40%) afirmam não ter nenhuma preferência partidária. Este contingente, que representa a maior fatia entre as respostas, lidera o ranking de forma ininterrupta há 26 anos, desde que o Datafolha começou a realizar este tipo de sondagem.
Esse cenário indica que, embora a polarização seja evidente e mobilize uma parcela significativa do eleitorado, uma grande parte da população permanece distante ou descrente da atuação dos partidos políticos como instituições. É um sinal de desalinhamento ou descontentamento que perdura por mais de duas décadas, sobrevivendo a diferentes ciclos políticos e crises econômicas.
O que os números revelam sobre o futuro político?
A pesquisa Datafolha oferece um diagnóstico claro do momento político: a disputa eleitoral continua centrada em PT e PL, com ambas as siglas mantendo ou expandindo suas bases de simpatizantes. No entanto, o grande eleitorado sem partido representa um campo decisivo e volátil para qualquer pleito futuro.
O crescimento do PL ao seu maior patamar histórico mostra a capacidade de mobilização da legenda no período pós-eleição de 2022. Já a liderança petista reafirma sua base sólida e contínua. O desafio para os partidos, portanto, vai além de alimentar a polarização; reside também em conseguir dialogar com os 40% de brasileiros que hoje não se veem representados por nenhuma sigla específica. O cenário permanece dinâmico, com a clivagem política estabilizada em dois polos, mas com uma significativa parcela do eleitorado ainda em busca de uma identidade partidária.