Zelensky e Trump se reúnem domingo para discutir plano de paz de 20 pontos
Encontro Zelensky-Trump busca avançar plano de paz para Ucrânia

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, marcaram um encontro crucial para este domingo, 28 de dezembro, na Flórida. A reunião, prevista para as 13h (horário local), tem como objetivo central discutir os rumos do plano de paz entre Kiev e Moscou, em um momento de intensa pressão militar e diplomática.

O estado das negociações e os obstáculos finais

De acordo com declarações do próprio Zelensky, o plano, que inicialmente tinha 28 pontos e foi reduzido a 20, está atualmente 90% pronto. O mandatário ucraniano admitiu que os 10% restantes são os mais complexos, pois envolvem principalmente as espinhosas questões territoriais. A Rússia mantém sua recusa em ceder os territórios conquistados na região de Donbass, reivindicando toda a área como sua.

Zelensky, que antes era taxativo em não abrir mão de território, mostrou uma postura mais flexível. Ele admitiu a possibilidade de levar a questão a um referendo nacional, desde que Moscou concorde com um cessar-fogo. A Constituição ucraniana exige que qualquer mudança nas fronteiras do país seja aprovada pela população via plebiscito.

"Não é fácil. Ninguém está dizendo que vamos chegar aos 100% já, mas, mesmo assim, temos de trazer o resultado desejado cada vez mais perto com cada encontro, com cada conversa", afirmou o presidente, destacando o caráter gradual e difícil das tratativas.

Contexto de tensão: ataques e declarações belicosas

O encontro diplomático ocorre em um cenário de extrema violência. Na noite de sexta-feira para sábado, as forças russas lançaram uma ofensiva massiva contra a capital Kiev, utilizando mais de 500 drones e 40 mísseis. O ataque resultou em uma morte e 19 feridos, além de deixar mais de um milhão de ucranianos sem eletricidade em pleno inverno, quando as temperaturas no país chegam a marcas negativas.

Pouco antes, o presidente russo, Vladimir Putin, fez uma declaração ameaçadora. Citado pela agência estatal TASS, Putin afirmou que se "Kiev não estiver disposto a resolver o assunto pacificamente, a Rússia vai alcançar todos os objetivos da operação militar especial usando meios militares".

Em reação aos bombardeios, o presidente francês, Emmanuel Macron, através de fontes do Palácio do Eliseu, comentou que a escalada russa evidencia o "contraste" entre "a vontade da Ucrânia de construir uma paz duradoura e a determinação da Rússia em prolongar a guerra que iniciou".

Preparações diplomáticas e apoio europeu

Antes do encontro com Trump, Zelensky dedicou o sábado a alinhar posições com os aliados europeus. Em uma chamada com líderes como Macron, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, o chanceler alemão Friedrich Merz e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, entre outros, o objetivo foi coordenar os preparativos para a reunião de domingo.

Em sua conta no X (antigo Twitter), Zelensky detalhou que foram analisadas as "prioridades mais importantes" e o "progresso atual na via diplomática". "São necessárias posições firmes tanto na frente de batalha como na diplomacia para impedir Putin de manipular e evadir um fim real e justo para a guerra", escreveu.

António Costa também se manifestou na rede social, garantindo que "o apoio da UE à Ucrânia não vai vacilar". Ele listou medidas recentes do bloco que "fortaleceram a Ucrânia", incluindo o financiamento para os próximos dois anos, a "imobilização de ativos soberanos russos a longo prazo" e a prorrogação das sanções contra a Rússia, com possibilidade de novas medidas.

A guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada pela invasão terrestre ordenada por Moscou em 2022, completa três anos sem um fim à vista. O encontro entre Zelensky e Trump representa mais uma tentativa de destravar as negociações, mas ocorre sob a sombra de novos ataques e da persistente dificuldade em resolver a disputa territorial, o principal entrave para uma paz definitiva.