Rússia acusa Ucrânia de ataque com drones a casa de Putin; Kiev nega
Rússia acusa Ucrânia de ataque a casa de Putin

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, fez uma acusação grave nesta segunda-feira, 29 de dezembro de 2025. Ele afirmou que a Ucrânia lançou um ataque com drones contra uma das residências do presidente russo, Vladimir Putin, localizada na região de Novgorod. A alegação foi imediatamente negada pelo governo ucraniano, que a classificou como uma fabricação do Kremlin.

Detalhes do Incidente e a Resposta Ucraniana

Segundo o chanceler russo, a operação não foi bem-sucedida. Lavrov informou que pelo menos 91 drones foram abatidos pela Força Aérea russa durante o suposto ataque. No entanto, ele não confirmou se o presidente Vladimir Putin estava presente no local no momento do incidente.

Do lado ucraniano, a resposta foi veemente. O presidente Volodymyr Zelensky usou suas redes sociais para rebater as acusações, descrevendo-as como "uma completa invenção". Zelensky sugeriu que a motivação russa seria minar os recentes progressos diplomáticos. "É claro que, para os russos, se não há escândalo entre nós e os Estados Unidos, e estamos progredindo, para eles é um fracasso, porque eles não querem o fim desta guerra", escreveu o líder ucraniano.

Contexto de Tensão e Negociações de Paz

Esta nova escalada verbal ocorre em um momento delicado, apenas um dia após uma reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Volodymyr Zelensky, na Flórida. O encontro tratou do plano de paz elaborado pelos americanos.

Lavrov deixou claro que o suposto ataque teria consequências diretas nas negociações. Ele alertou que o episódio "mudaria a posição de Moscou" nas discussões sobre o acordo e adiantou que militares russos já selecionaram alvos para "ataques de retaliação".

Enquanto isso, do lado americano, o tom foi mais otimista. Donald Trump afirmou que Rússia e Ucrânia estão "a cerca de 95% de um entendimento" para encerrar o conflito, iniciado em fevereiro de 2022. Ele expressou crença de que um pacto final possa ser firmado "em duas semanas", restando poucas "questões espinhosas" a resolver.

Demandas Russas e a Posição de Kiev

Nesta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também renovou as exigências territoriais russas, focando na região do Donbas. Ele ordenou a retirada das tropas ucranianas da área, reivindicada por Moscou como parte de um acordo de paz. "Estamos falando da retirada das forças armadas do regime do Donbas", disse Peskov, referindo-se às oblasts de Donetsk e Luhansk.

Atualmente, a Rússia controla:

  • 90% do Donbas
  • 75% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson
  • Partes de Kharkiv, Sumy, Mykolaiv e Dnipropetrovsk

Com a anexação da Crimeia em 2014, isso representa aproximadamente um quinto do território ucraniano. Além das concessões territoriais, a Rússia insiste que a Ucrânia deve abandonar o objetivo de ingressar na OTAN e aceitar um processo de desmilitarização – condições rejeitadas por Zelensky.

Após o encontro com Trump, Zelensky confirmou que aceitou discutir o plano americano de 20 pontos, que inclui garantias de segurança dos EUA por 15 anos – um prazo menor do que os 50 anos inicialmente solicitados por Kiev. No entanto, o presidente ucraniano manteve sua posição firme contra a cessão territorial, destacando sua discordância com Trump nesse ponto específico.

O cenário permanece volátil, com Peskov anunciando que um novo telefonema entre Trump e Putin deve ocorrer em breve, após uma conversa prévia no domingo, 28 de dezembro. O caminho para a paz, embora aparentemente mais próximo, ainda esbarra em divergências fundamentais e em alegações que, como a do ataque com drones, ameaçam reacender a desconfiança entre as partes.