China dispara foguetes e simula cerco a Taiwan em maiores manobras em 8 meses
China simula cerco a Taiwan em exercícios militares de grande escala

As forças militares da China iniciaram uma série de exercícios de grande escala ao redor de Taiwan, simulando um cenário de cerco à ilha e reacendendo os temores de um conflito armado na região. As manobras, batizadas de "Missão Justiça 2025", são as maiores realizadas nos últimos oito meses e envolvem o uso de munição real por tropas do Exército, Marinha e Força Aérea chineses.

Detalhes dos exercícios e impacto imediato

De acordo com a Guarda Costeira de Taiwan, os militares chineses dispararam sete foguetes contra zonas de treinamento na manhã de terça-feira, 30. Os exercícios de tiro real de longo alcance foram conduzidos pelas forças terrestres do Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular (ELP), visando as águas ao norte de Taiwan a partir de um local não divulgado.

Em resposta à escalada militar, as autoridades taiwanesas reforçaram o controle de tráfego aéreo. A medida resultou no cancelamento de 76 voos domésticos com destino às ilhas próximas, afetando aproximadamente seis mil passageiros. Os exercícios começaram na segunda-feira, 29, e continuaram nesta terça-feira.

Reações e contexto geopolítico tenso

O governo de Taiwan condenou veementemente as manobras e mobilizou sua Guarda Costeira e Aeronáutica para realizar manobras defensivas. O Ministério da Defesa em Taipé afirmou que as Forças Armadas da ilha estão se preparando para o pior cenário possível. Enquanto isso, moradores locais acompanharam a situação sem sinais de pânico, com alguns reafirmando sua identidade distinta, como uma residente que declarou: "Nós somos quem somos. Temos nosso próprio governo, nossa Constituição. Não nos vemos como parte da China".

Os exercícios ocorrem em um momento de alta tensão geopolítica. Eles começaram 11 dias depois de os Estados Unidos anunciarem o maior pacote de venda de armas para Taiwan, no valor de US$ 11 bilhões. Pequim, que considera Taiwan uma província rebelde, acusou forças externas de armarem a ilha e empurrarem o Estreito de Taiwan para uma situação perigosa.

Elementos adicionais da crise no Pacífico

A crise ganhou um novo elemento com a declaração da primeira-ministra do Japão, que sugeriu uma possível resposta militar caso a China atacasse Taiwan – uma posição que irritou profundamente Pequim. A disputa entre China e Taiwan remonta a 1949, após a vitória comunista na Guerra Civil chinesa, quando as forças nacionalistas derrotadas se refugiaram na ilha e estabeleceram um governo separado.

Vídeos divulgados pelos militares chineses mostram a dimensão das manobras, com lançadores de foguetes de longo alcance em posição de combate, disparos de mísseis e caças decolando de várias bases. No mar, navios de guerra realizaram disparos de canhão ao redor da ilha. Um soldado chinês, durante a simulação, chegou a declarar: "Vamos eliminar todas as forças separatistas".

Autoridades internacionais alertam que a pressão militar na região traz riscos significativos, uma vez que Taiwan é um crucial fornecedor de tecnologia global e o Estreito de Taiwan é uma das rotas comerciais marítimas mais importantes do mundo.