Gleisi Hoffmann culpa taxa de juros de 15% pelo aumento da dívida pública
Gleisi critica BC e taxa de juros de 15% sobre dívida

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, atribuiu ao Banco Central e à manutenção da taxa básica de juros em patamar elevado a principal responsabilidade pelo crescimento da dívida pública do país. A declaração foi feita em suas redes sociais nesta segunda-feira, 22 de dezembro de 2025.

Crítica direta à política monetária

Em sua publicação, a petista contestou veementemente a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 15% ao ano. A decisão, tomada em reunião no dia 10 de dezembro, foi unânime entre os membros do colegiado.

Gleisi Hoffmann usou o termo "estratosférico" para se referir ao atual patamar dos juros. "A maior responsável pelo aumento da dívida pública continua sendo a taxa básica de juros de 15% ao ano, e não a despesa do governo", afirmou a ministra, destacando uma divergência com a narrativa que, segundo ela, tem sido veiculada pela mídia.

O impacto dos juros no Orçamento e no desenvolvimento

A ministra argumentou que, enquanto se aponta um crescimento de 5% acima da inflação nas despesas governamentais, ignora-se que os juros estão 10% mais altos do que a inflação. Para ela, essa disparidade é o motor do endividamento.

"Esses juros estratosféricos, que encarecem o crédito e limitam o crescimento, é que fazem crescer a dívida pública", explicou Gleisi. Ela acrescentou que, ao consumir recursos do Orçamento, os encargos da dívida comprometem a prestação de serviços públicos, os programas sociais e os investimentos necessários para o desenvolvimento do Brasil.

Contexto e protagonistas da polêmica

Embora não tenha citado nominalmente o presidente do Banco Central, a crítica ocorre em um contexto de tensão entre o governo Lula e a autoridade monetária. Gabriel Galípolo assumiu o comando do BC em 2025, substituindo Roberto Campos Neto, e seu mandato se estende até 2028.

Galípolo, que era diretor de política monetária do Banco Central quando foi indicado em agosto de 2024, tem defendido publicamente a política de juros. A manutenção da Selic em 15% frustrou as expectativas do Palácio do Planalto, que esperava um início de ciclo de flexibilização monetária.

A postura da ministra Gleisi Hoffmann reflete um descontentamento que vem desde o governo anterior, quando Campos Neto era frequentemente criticado por Lula e sua equipe, sendo até chamado de "bolsonarista" por ter sido indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.