Itaúsa amplia participação na Alpargatas para 15,94% após boicote à Havaianas
Itaúsa aumenta aposta na dona da Havaianas após polêmica

Uma campanha publicitária da Havaianas, protagonizada pela atriz Fernanda Torres, gerou uma reação intensa de setores da direita brasileira e levou a um movimento de boicote à marca. No entanto, em uma jogada estratégica surpreendente, o conglomerado Itaúsa decidiu aumentar sua participação acionária na Alpargatas, controladora da famosa marca de sandálias.

Polêmica publicitária e reação do mercado

A crise começou com o lançamento de um comercial onde Fernanda Torres rejeitava simbolicamente a ideia de começar o ano "com o pé direito". A peça foi interpretada por políticos e influenciadores conservadores como uma mensagem de oposição, desencadeando uma onda de protestos nas redes sociais. Como forma de repúdio, vídeos de pessoas descartando seus pares de Havaianas se tornaram virais, com o claro objetivo de prejudicar a empresa.

Essa pressão teve um impacto imediato no mercado financeiro. As ações da Alpargatas sofreram uma queda inicial, refletindo a turbulência gerada pelo boicote organizado na internet. A situação colocou a companhia e seus investidores sob os holofotes, testando a resiliência da marca diante de uma crise de imagem.

A resposta dos controladores: uma aposta firme

Em meio ao cenário volátil, a Itaúsa, um dos principais acionistas, tomou uma decisão contundente. A empresa anunciou o aumento de sua participação individual no capital da Alpargatas. A fatia subiu para aproximadamente 15,94% do total de ações.

Com essa movimentação, a participação conjunta dos acionistas controladores no grupo alcançou cerca de 40,03%. A medida foi divulgada no dia 26 de dezembro de 2025, e, segundo comunicado dos controladores, não há intenção de alterar a estrutura administrativa da companhia. O movimento é visto como um voto de confiança na estratégia de longo prazo e na força da marca Havaianas.

Recuperação rápida e valor de mercado

Apesar do susto inicial, a Alpargatas demonstrou uma rápida capacidade de recuperação. As ações não apenas se estabilizaram como registraram uma valorização. No fechamento, os papéis apresentaram alta de 3,5%, sendo negociados a R$ 11,85 cada.

Atualmente, o valor total de mercado da empresa na B3, a bolsa de valores brasileira, é estimado em cerca de R$ 7,3 bilhões. A rápida reversão da tendência de queda indica que, para o mercado financeiro, o episódio de boicote pode ter sido um ruído de curto prazo, superado pela solidez dos fundamentos do negócio e pela confiança dos grandes investidores.

O caso ilustra como controvérsias culturais e políticas podem causar volatilidade momentânea em grandes empresas, mas também como decisões estratégicas de acionistas fortes podem reafirmar a estabilidade e a confiança no futuro de uma marca icônica como a Havaianas.