Coral Cantareiros leva música como remédio a hospitais do Rio há 18 anos
Coral voluntário leva esperança a pacientes no Rio

Na véspera do Natal, enquanto muitos se preparam para as celebrações em família, um grupo dedicado de voluntários leva uma mensagem de esperança em forma de música para quem precisa de conforto. A ONG Cantareiros transforma corredores, enfermarias e leitos de hospitais públicos e casas de repouso do Rio de Janeiro em palcos de emoção e alegria.

Vozes que funcionam como remédio

18 anos, o coral percorre instituições de saúde, mas em dezembro a agenda vira uma verdadeira maratona. Nas últimas semanas, o grupo visitou 15 instituições, levando não apenas cantoria, mas também a oportunidade para pacientes e funcionários cantarem junto e até "caírem no samba". O repertório é decidido na hora, adaptando-se à situação de cada lugar para oferecer a dose certa de alegria.

O impacto é profundo e imediato. Para Rogério, que aguarda uma cirurgia cardíaca na UTI do Hospital Miguel Couto, a experiência foi transformadora. "Parece que é uma renovação, você tirava uma roupa antiga e está como uma nova", descreveu ele, comparando o canto a uma oração.

Emoção e alívio em meio à rotina hospitalar

A enfermeira Viviane Carius Comym, chefe de enfermagem, testemunha diariamente o peso da rotina para pacientes internados por meses ou até anos. Ela destaca a mudança visível após as visitas do coral. "E você vê como eles ficam bem, ficam dispostos a seguir essa jornada de uma forma mais tranquila, mais leve", afirma.

Carlos Eduardo, internado há sete meses no Instituto Nacional de Traumatologia, ficou sem palavras. "Eu estou até agora sem ar, sem palavras. Maravilhoso!", comemorou. A emoção também tomou conta da equipe. Andrea Rios, técnica de enfermagem, resumiu: "É lindo, né? Motiva a gente, emociona, traz memórias afetivas".

Um projeto que pretende crescer

O projeto Cantareiros é formado por cerca de 100 músicos, todos especialistas em canto harmônico e arranjos a capela. Eles se dividem em grupos menores para alcançar diferentes alas dos hospitais. Jules Vandystadt, diretor da ONG, explica que para ser voluntário é necessário ter muita experiência em canto coral e harmônico. "Se a pessoa é um cantor que tem essa vivência, quer ser a base do nosso trabalho, são bem-vindos", convida.

O sucesso é tão evidente que o diretor do Hospital Miguel Couto, Christiano Chame, atesta: "A música é uma terapia incrível. A gente, de fato, vê a melhora, vê o paciente revigorando, e emociona a todos nós". Inspirado pelos resultados, o diretor do Cantareiros revela o plano de expandir o trabalho. No ano que vem, a intenção é levar o projeto para São Paulo e outros estados.

Da maternidade, onde se celebravam os quatro dias de vida da pequena Maria Elisa, ao centro cirúrgico, onde a música chega pela porta e contagia a todos, as vozes do Cantareiros cumprem uma missão que vai além do entretenimento. Como definiu a cozinheira Maria Ester, emocionada: "Uma palavra dessa em forma de canto, então, é remédio para nossa vida. Uma forma de esperança extraordinária".