Origem das simpatias de Ano Novo: do louro à romã, rituais têm raízes históricas
De onde vêm as simpatias de Réveillon? Conheça as origens

Com a chegada do Réveillon, milhões de brasileiros repetem, ano após ano, uma série de rituais e simpatias na esperança de atrair sorte, amor, saúde e prosperidade. Mas de onde vêm essas tradições tão enraizadas em nossa cultura? Muitas delas carregam histórias antigas, com origens que remetem a religiões de matriz africana, crenças populares europeias e adaptações locais.

Rituais aquáticos e a força de Iemanjá

Talvez o costume mais icônico da virada do ano no litoral brasileiro seja o de pular sete ondas. Esta prática tem sua origem profundamente ligada às religiões afro-brasileiras, como a umbanda. A crença é de que, ao saltar sobre as ondas, a pessoa estabelece uma conexão com o plano espiritual, especialmente com Iemanjá, a Rainha do Mar.

Nesse ritual, busca-se proteção, purificação e a renovação das energias para o ciclo que se inicia. Fazer um pedido a cada salto também fortalece o pensamento positivo e a confiança em um ano tranquilo e abençoado.

Outra tradição relacionada a Iemanjá, especialmente forte em Salvador, na Bahia, é a de oferecer presentes ao mar. A prática começou com comunidades de pescadores, que desejavam agradar à divindade para garantir uma pesca farta e segura no ano novo. Até hoje, flores, espelhos e perfumes são lançados ao mar como oferendas, em um ritual coletivo de fé e esperança.

Simpatias para a prosperidade financeira

Quando o assunto é dinheiro, as simpatias de fim de ano são variadas e curiosas. Colocar uma folha de louro na carteira é um hábito difundido, mas sua origem é incerta e remonta à Antiguidade. Tanto gregos quanto romanos consideravam a planta sagrada e a associavam à vitória e ao sucesso. Com o tempo, essa simbologia foi adaptada e o louro passou a ser visto como um amuleto para atrair riqueza.

Já o costume de comer lentilhas na ceia chegou ao Brasil com a imigração italiana. Pesquisadores apontam que a tradição pode ter raízes bíblicas, no livro de Gênesis, onde o alimento simbolizava fartura. Há também quem acredite que a superstição venha do formato do grão, que se assemelha a uma pequena moeda, reforçando o desejo de abundância financeira.

Símbolos de sorte e fertilidade

A romã é outro elemento cheio de significado. Desde a Roma Antiga, a fruta é sinônimo de abundância, fertilidade e fortuna. No Brasil, desenvolveu-se a crença de que guardar três ou sete sementes de romã na carteira ou na bolsa, preferencialmente enroladas em um papel, ajuda a "semear" os desejos ao longo de todo o ano, fazendo com que se multipliquem como os grãos da fruta.

Essas práticas, celebradas em 31 de dezembro, mostram um rico sincretismo religioso e cultural. Elas misturam influências indígenas, africanas e europeias, formando um conjunto único de tradições que define a passagem de ano para muitos brasileiros. Mais do que simples superstição, esses rituais representam a esperança, a renovação e a força da cultura popular em buscar um futuro melhor.

É importante lembrar que, apesar de sua popularidade, as religiões de matriz africana, berço de muitas dessas tradições, ainda enfrentam intolerância e discriminação. Conhecer a origem dessas simpatias é também uma forma de valorizar e respeitar a diversidade religiosa que compõe a identidade do país.