Uma das tradições mais polêmicas e aguardadas do interior baiano, a famosa "guerra de espadas", ganhou um caminho para o seu retorno oficial. O Ministério Público da Bahia (MP-BA), a Prefeitura de Senhor do Bonfim e a Associação Cultural dos Espadeiros do município firmaram um acordo histórico na última sexta-feira, 19 de abril.
O acordo e as condições para o retorno da tradição
O entendimento, formalizado por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), estabelece que a prática cultural poderá ser realizada novamente a partir do ano de 2026. A principal condição para que isso aconteça é a criação de um espaço próprio e totalmente adaptado, que já recebeu o nome de "espadódromo".
Este local deverá ser construído e operado sob parâmetros e protocolos técnicos específicos, com o objetivo máximo de garantir a segurança de participantes e do público. O acordo é rígido: o descumprimento injustificado de qualquer cláusula sujeitará a prefeitura e a associação a uma multa diária de R$ 20 mil.
Medidas de segurança obrigatórias no espadódromo
O TAC detalha uma série de exigências que transformarão a realização do evento. O futuro espadódromo deverá ser um local isolado, mantendo um distanciamento seguro de hospitais, escolas, residências e postos de combustível.
Além disso, a infraestrutura precisará contar com:
- Iluminação de emergência e rotas de fuga devidamente sinalizadas.
- Brigadistas treinados e pontos de primeiros socorros no local.
- Unidades de saúde da região em estado de alerta durante o evento.
Regulamentação das espadas e fiscalização
A tradição também passará por um crivo de qualidade e segurança no que diz respeito aos artefatos utilizados. Segundo o acordo, somente serão permitidas "espadas" certificadas e produzidas em estrita conformidade com as normas técnicas do Exército Brasileiro.
Para garantir esse controle, a Associação Cultural dos Espadeiros de Senhor do Bonfim terá a obrigação de apresentar o Certificado de Registro (CR) do fabricante e submeter todos os produtos a uma vistoria prévia antes do evento.
O acordo representa um marco na tentativa de conciliar a preservação de uma manifestação cultural centenária com os imperativos de segurança pública e responsabilidade. A comunidade de Senhor do Bonfim agora aguarda os próximos passos para a concretização do espadódromo e o retorno, de forma organizada, da sua tradicional guerra de espadas.