O sucesso recente do Flamengo nos gramados brasileiros e internacionais criou um fenômeno curioso no mercado da bola: a valorização de seus ex-dirigentes. Após uma era repleta de conquistas, profissionais que atuaram em cargos-chave no Rubro-Negro se tornaram alvo de cobiça de outros clubes do país, que buscam replicar a fórmula do sucesso.
O êxodo de talentos da Gávea
A contratação do diretor-executivo Bruno Spindel pelo Cruzeiro é apenas o capítulo mais recente dessa tendência. Spindel, que havia praticamente fechado com o Corinthians, viu o acordo com o time paulista ser desfeito no final de dezembro de 2025, abrindo caminho para sua ida ao clube mineiro. O Corinthians, por sua vez, optou por Marcelo Paz, ex-Fortaleza.
Mas a lista de ex-dirigentes rubro-negros em alta no mercado é extensa e inclui nomes que ocuparam posições de grande influência. Marcos Braz, ex-vice de futebol do Flamengo, foi contratado pelo Remo em 2025 e conduziu o clube paraense ao acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, um feito que não acontecia há 32 anos.
Já Rodolfo Landim, presidente durante a vitoriosa gestão de 2019 a 2024, seguiu um caminho empresarial. Ele adquiriu a SAF do Confiança, de Sergipe, e tem negociações avançadas para comprar também a SAF do Sampaio Corrêa, do Maranhão, através da empresa LG2, criada em parceria com o ex-vice de Comunicação do Flamengo, Gustavo Oliveira.
Carreiras em ascensão após passagem pelo Fla
Outros profissionais também fizeram movimentos significativos. Fabinho Soldado, gerente de futebol do Flamengo entre 2021 e janeiro de 2024, passou pelo Corinthians como diretor-executivo e, em dezembro de 2025, foi contratado pelo Internacional para a mesma função.
Fred Luz, ex-CEO do Rubro-Negro entre 2014 e 2018, também teve uma passagem pelo Corinthians. Inicialmente convidado para assumir o cargo de CEO, preferiu atuar como uma espécie de consultor da diretoria até 2024.
Da esfera técnica, o ex-zagueiro Juan, revelado pelo clube e que atuava como gerente-técnico, foi contratado pela CBF em fevereiro de 2024 para ser coordenador-técnico da seleção brasileira, cargo que mantém.
Outros rumos: da política ao legado
Nem todos os ex-dirigentes seguiram no futebol. Eduardo Bandeira de Mello, apontado como principal responsável pela reestruturação do Flamengo durante sua presidência (2013-2018), migrou para a política. Após uma tentativa frustrada em 2018, foi eleito deputado federal em 2022 pelo PSB do Rio de Janeiro, com 72.725 votos, e segue no cargo.
Este movimento de profissionais demonstra como o modelo de gestão e os resultados obtidos pelo Flamengo na última década passaram a ser vistos como um ativo valioso no futebol brasileiro. A "marca Flamengo" no currículo tornou-se um diferencial competitivo no mercado de executivos do esporte, com clubes apostando que a experiência adquirida na Gávea pode ser a chave para novos sucessos em outras praças.
