Hugo Calderano tem melhor temporada em 20 anos, mas final de 2025 acende alerta para LA 2028
Calderano: melhor temporada, mas alerta para Olimpíadas

O ano de 2025 ficará marcado como o melhor da carreira de Hugo Calderano no tênis de mesa, mesmo com um final de temporada que acendeu um sinal de atenção para os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028. Celebrando duas décadas dedicadas ao esporte, o maior atleta brasileiro da história da modalidade viveu momentos de glória, como a conquista inédita da Copa do Mundo, mas também enfrentou desafios que exigirão ajustes na reta final do ciclo olímpico.

O ápice da carreira e as grandes conquistas

A temporada de 2025 consagrou Hugo Calderano no mais alto patamar do tênis de mesa mundial. Ele não apenas levantou a taça da Copa do Mundo, um dos torneios mais tradicionais e prestigiados, como também alcançou a final do Campeonato Mundial. Esses feitos históricos solidificaram sua posição entre a elite do esporte, uma visão compartilhada por torcedores e respeitados adversários.

Além dos pódios em competições de prestígio global, Calderano encerrou com chave de ouro sua passagem de nove temporadas pelo clube alemão Liebherr Ochsenhausen. Ele conquistou a Copa da Alemanha e o título da Bundesliga. Na decisão da liga alemã, teve o privilégio e a responsabilidade de estragar a festa de despedida do lendário Timo Boll, ex-número 1 do mundo que encerrava uma carreira de 30 anos.

A superação após Paris 2024 e a virada em 2025

O caminho até o topo, no entanto, começou com obstáculos. O brasileiro admitiu que uma fase ruim no início do ano, com eliminações nas quartas de final em torneios do WTT (World Table Tennis) para atletas asiáticos, foi um reflexo da decepção das Olimpíadas de Paris 2024. Na França, ele havia feito história ao se tornar o primeiro atleta de fora da Ásia e da Europa a chegar às semifinais, mas saiu sem medalha.

O abalo levou a mudanças radicais. Calderano trocou toda sua equipe técnica, rompendo uma parceria de 15 anos com o técnico francês Jean-René Mounie, e decidiu deixar o clube alemão para focar exclusivamente no circuito mundial, uma estratégia que visa poupar seu desgaste físico.

A virada começou em abril, com a maior conquista de sua carreira: o ouro na Copa do Mundo em Macau. De forma autoritária, ele derrotou os três principais jogadores do ranking na época: o japonês Tomokazu Harimoto (nº3), nas quartas; o chinês Wang Chuqin (nº2), nas semifinais; e o também chinês Lin Shidong (nº1), na decisão. Foi a primeira vez que um atleta não asiático e não europeu venceu o torneio.

O impulso foi imenso. Na sequência, Calderano chegou à final do Mundial, furado a bolha da elite dominada pelos chineses, e venceu o WTT Star Contender de Liubliana, na Eslovênia, derrotando o francês Felix Lebrun, seu carrasco na disputa do bronze em Paris. Ele ainda confirmou seu favoritismo em torneios WTT de menor expressão em Foz do Iguaçu e Buenos Aires.

Parceria promissora e o alerta do final de ano

Outro ponto positivo de 2025 foi a consolidação da parceria nas duplas mistas com Bruna Takahashi, iniciada em outubro de 2024. Juntos, venceram pela primeira vez em Buenos Aires, após uma final na Eslovênia, e conquistaram o ouro nos Jogos Pan-Americanos. A dupla já ocupa a sexta posição do ranking mundial, apontando uma real oportunidade de medalha em Los Angeles 2028.

Porém, a performance após agosto ligou um alerta. Fora o WTT Champions de Macau, onde foi à final contra Wang Chuqin, Calderano foi superado nos seis outros torneios WTT que disputou, não passando das quartas de final e perdendo para atletas que costuma vencer.

O momento coincide com a ascensão de rivais de nível similar. O sueco Truls Moregard, que o eliminou nas semis em Paris, tornou-se o primeiro não chinês a vencer um WTT Smash e agora é o quinto do mundo. Harimoto e Lebrun também seguem com bons resultados.

Para ter um caminho mais viável até as semifinais em Los Angeles, Calderano precisa se manter entre os quatro primeiros do ranking até meados de 2028 – atualmente é o terceiro. Fora das mesas, o atleta se tornou mais midiático, participando de conteúdos da Cazé TV, e inaugurou sua primeira academia de tênis de mesa no Rio de Janeiro, fortalecendo a modalidade no país.

O primeiro ano do ciclo olímpico foi, no geral, excelente para Hugo Calderano. Mas o final de 2025 inspira cuidados para que o brasileiro não saia do patamar de elite que ele próprio construiu com duas décadas de dedicação.