Árvore de Natal de crochê de 6 metros transforma calçadão de Analândia
Árvore de crochê de 6 metros encanta Analândia

Uma árvore de Natal de seis metros de altura, feita inteiramente de crochê, está colorindo o calçadão de Analândia, no interior de São Paulo. A obra impressionante, que chama a atenção de moradores e visitantes, foi criada manualmente por voluntárias e alunas de uma oficina promovida pelo Fundo Social de Solidariedade do município.

Seis meses de dedicação e 680 quadradinhos

O projeto nasceu da ideia da professora Regina Aparecida Martins, que mobilizou o grupo para buscar doações e colocar o plano em prática. O trabalho exigiu seis meses de dedicação para a confecção dos 680 quadradinhos de crochê que, unidos, formam a majestosa árvore. Mais do que uma decoração, a iniciativa deu um novo significado para o Natal da cidade.

A conclusão do projeto ganhou um contexto especial após um evento climático extremo. No dia 23 de novembro, uma forte tempestade atingiu Analândia, causando grandes estragos. O temporal derrubou pelo menos 300 árvores, destelhou mais de 40 casas e deixou parte da cidade sem energia elétrica. A decoração natalina tradicional também foi afetada.

“A gente perdeu bastante coisa e não conseguia repor por conta da maneira como ficou a praça. Aí a gente focou a decoração aqui no calçadão mesmo”, explicou Camila Assoni Antiqueira, secretária de Turismo e Cultura. Assim, a árvore de crochê tornou-se um símbolo de resiliência e reconstrução para a comunidade.

Café, bolo e terapia coletiva

As reuniões para a confecção da árvore aconteciam duas vezes por semana, sempre acompanhadas de café e bolo. Segundo a professora Regina, o crochê exige técnica e paciência para aprender o ponto básico. Mas, além da habilidade manual, o grupo encontrou na atividade uma poderosa terapia coletiva.

Para a pensionista Terezinha da Conceição, o projeto foi um refúgio durante o luto. Ela perdeu recentemente o neto de sete anos, com quem tinha uma forte ligação. “A gente era muito apegado, ele ficava toda tarde comigo e falava: vó, vai fazer o seu crochê. Ele gostava de ver”, recordou. As conversas e o trabalho manual ao lado das amigas foram essenciais para enfrentar a dor.

A aposentada Oscarlina Hanssin, de 80 anos, vê no crochê uma forma de manter a mente ativa. “Estou muito orgulhosa de ter aprendido porque é uma terapia para mim. A gente se empenha, ponto a ponto, é prazeroso”, afirmou. A troca de experiências e conhecimentos é uma marca do grupo. “Uma apoia a outra. Uma não sabe, a outra ensina. Tá errado, a gente fala, desmancha, faz de novo”, contou a cuidadora de idosos Maria Luiza dos Santos André.

Desmanchar e recomeçar: uma lição para a vida

A filosofia do crochê, onde às vezes é preciso desfazer o trabalho e começar novamente, ecoou profundamente na vida das participantes. Para a aposentada Rosana Moncaio, que enfrentou um câncer de mama, a metáfora foi poderosa. “Você tem que buscar para recomeçar e deixar tudo lá atrás, não trazer nada com você. E eu recomecei. E com todo mundo ajudando fica tudo mais fácil”, compartilhou.

Diante do alto custo dos fios, as mulheres decidiram vender outras peças de artesanato produzidas nas oficinas – como tapetes, porta-pratos e porta-copos – para manter o projeto vivo. Ver a árvore finalmente pronta encheu todas de um sentimento indescritível: orgulho.

“Quero que todo mundo traga a família para tirar foto. É uma obra de arte”, convida a personal chef Claudinéia. A árvore de crochê de Analândia é mais que uma decoração de Natal; é um testemunho de superação, união e da beleza que pode nascer do trabalho coletivo e do afeto.