A polícia paraguaia localizou a tornozeleira eletrônica que pertencia ao ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, no banheiro da rodoviária municipal de Ciudad del Este. O equipamento foi encontrado na madrugada desta segunda-feira (29), pouco depois das 4h, conforme informações repassadas às autoridades brasileiras.
Fuga frustrada e prisão em solo paraguaio
O ex-chefe da PRF foi preso pela Polícia Federal na última sexta-feira (26), no aeroporto de Assunção, capital do Paraguai. Silvinei Vasques tentava embarcar em um voo internacional com destino a El Salvador utilizando um passaporte paraguaio falso. A prisão ocorreu durante a tentativa de fuga do condenado.
De acordo com as investigações, para escapar do monitoramento, Vasques teria utilizado um carro alugado para sair do prédio onde residia, em São José, Santa Catarina, e seguir em direção à fronteira com o Paraguai.
Falha no sinal e decretação da prisão
A Polícia Federal detectou uma interrupção no sinal da tornozeleira eletrônica às 3h da manhã de quinta-feira (25), véspera de Natal. Naquele momento, o aparelho parou de transmitir a localização por GPS. Imediatamente após a constatação da falha, a corporação acionou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que decretou a prisão preventiva do ex-diretor.
O ofício enviado pela polícia do país vizinho continha dados detalhados do dispositivo, incluindo código de barras, fabricante e o número de registro na Anatel. A reportagem apurou que a tornozeleira foi enviada ao Comando Tripartite, onde os procedimentos para sua devolução ao Brasil serão realizados.
Condenação por crimes golpistas
Silvinei Vasques foi condenado no início deste mês pela Primeira Turma do STF a 24 anos e seis meses de prisão. Os ministros o consideraram culpado por cinco crimes, entre eles o de tentativa de golpe de Estado. A condenação está relacionada à sua atuação em um dos núcleos da trama golpista do governo de Jair Bolsonaro.
Durante o segundo turno das eleições de 2022, Vasques promoveu operações de blitz em locais com grande concentração de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa ação foi um dos fatores determinantes para a condenação.
O caso do ex-diretor da PRF ilustra os riscos de fuga de condenados por crimes graves. O ministro Alexandre de Moraes tem citado situações semelhantes, como a do ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem, foragido nos Estados Unidos, para justificar a necessidade de medidas cautelares rigorosas, incluindo a prisão domiciliar para outros investigados.