A Justiça de São Paulo determinou que o São Paulo Futebol Clube e a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) paguem uma pensão alimentícia mensal provisória de R$ 8 mil a um torcedor e seus dois filhos, vítimas de um grave acidente no Estádio do Morumbi. A decisão foi expedida pela 3ª Vara Cível do Foro do Butantã na última segunda-feira (15).
O acidente e as graves consequências
O fato ocorreu em maio, durante uma partida do São Paulo pela Libertadores contra o Libertad, do Paraguai. Uma placa de metal se desprendeu do teto do estádio e atingiu o caminhoneiro Ivan Bezerra da Silva e seus dois filhos. Ivan foi o mais gravemente ferido, ficando 18 dias internado, sendo 14 deles em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Ele sofreu um traumatismo cranioencefálico e precisou passar por uma craniectomia descompressiva e drenagem de um hematoma intracraniano. De acordo com seu advogado, Eduardo Barbosa, Ivan carrega agora sequelas neurológicas permanentes, incluindo paralisia facial, descontrole motor, lapsos de memória, episódios de desequilíbrio e risco de convulsões.
A decisão judicial e as obrigações das partes
Em seu despacho, a juíza Mônica Lobo destacou que os documentos médicos comprovam a gravidade do caso. A magistrada também afirmou que os exames evidenciam a intervenção cirúrgica em um dos filhos menores de Ivan. Além da pensão mensal, a decisão judicial também determina que:
- Ivan e sua família sejam incluídos em um plano de saúde para garantir o tratamento médico necessário.
- O clube e a Conmebol estão sujeitos ao pagamento de uma multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento da ordem.
A juíza ressaltou em sua decisão o afastamento mínimo de 90 dias das atividades laborais de Ivan, conforme atestado médico.
Vida transformada após a tragédia
Antes do acidente, Ivan trabalhava como caminhoneiro e tinha uma renda média mensal de R$ 12 mil. Atualmente, ele está totalmente incapacitado para o trabalho. Sem renda desde maio, não conseguiu manter o financiamento de seu caminhão e acumulou uma dívida considerada milionária. Hoje, depende da ajuda de familiares e amigos para sobreviver e enfrenta dificuldades para custear despesas básicas.
Em novembro, ele passou por uma cirurgia de cranioplastia e segue em um longo processo de reabilitação neurológica, sem previsão de recuperação funcional completa. “O que ocorreu não foi um acidente imprevisível, mas uma falha grave de segurança”, afirma o advogado Eduardo Barbosa. “Ivan entrou no estádio saudável, trabalhando e sustentando a família. Saiu com sequelas neurológicas permanentes, sem condições de voltar à profissão e em situação financeira crítica”.
Procurado, o São Paulo Futebol Clube não se manifestou até o fechamento desta reportagem. O contato com a Conmebol também está sendo tentado.