A cidade de Itapetininga, localizada no interior do estado de São Paulo, conquistou um marco histórico na saúde pública ao eliminar a transmissão vertical do HIV, da sífilis e da hepatite B. A transmissão vertical ocorre quando o bebê é infectado durante a gestação, no parto ou no período de amamentação.
Certificação nacional reconhece esforços municipais
No início de dezembro, o coordenador do Departamento de Vigilância Epidemiológica de Itapetininga representou o município em uma cerimônia de certificação promovida pelo Ministério da Saúde em Brasília. Após visitas técnicas de avaliadores federais em outubro, a cidade recebeu o aval oficial por seu desempenho excepcional.
A Comissão Nacional de Validação (CNV) concedeu a Itapetininga três importantes reconhecimentos:
- Certificação da eliminação da transmissão vertical do HIV.
- Selo Ouro de boas práticas rumo à eliminação da transmissão vertical da sífilis.
- Selo Prata de boas práticas rumo à eliminação da transmissão vertical da hepatite B.
Este conjunto de certificações atesta que os esforços da cidade garantem que as crianças nascidas tenham menos riscos de adquirir essas doenças em fases cruciais como a gestação, o parto e a amamentação.
Estratégias que garantiram o resultado
O sucesso não veio por acaso. A prefeitura implementou um conjunto robusto de medidas baseadas na linha de cuidado materno-infantil. Todas as ações são monitoradas continuamente pela Vigilância Epidemiológica Municipal, com registros nos sistemas oficiais do Ministério da Saúde.
O plano estratégico incluiu iniciativas fundamentais:
- Testagem rápida e sorológica para HIV, sífilis e hepatite B durante o pré-natal, no parto e no puerpério.
- Início imediato do tratamento para todas as gestantes diagnosticadas.
- Monitoramento rigoroso da adesão das pacientes ao tratamento.
- Vínculo das gestantes com serviços especializados (SAE/CTA).
- Capacitação constante das equipes da atenção primária e da rede hospitalar.
- Integração entre Vigilância Epidemiológica, atenção básica e serviços especializados.
- Acompanhamento do binômio mãe e bebê do pré-natal até o encerramento do seguimento da criança.
Suporte integral e tratamento gratuito pelo SUS
Além do protocolo médico, a cidade oferece um suporte completo e gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento segue as diretrizes nacionais e inclui terapia antirretroviral para o HIV, penicilina benzatina para a sífilis e profilaxia para a hepatite B.
O município também disponibiliza aconselhamento, acompanhamento psicológico, orientações educativas e suporte social. Esses recursos visam fortalecer a adesão ao tratamento e oferecer um cuidado integral.
Um ponto de atenção especial é a amamentação. Nos casos de HIV, a prática é contraindicada. Por isso, Itapetininga fornece fórmula infantil gratuitamente e orienta as mães sobre o preparo seguro. Já para a hepatite B, são adotadas medidas de imunoprofilaxia no recém-nascido, o que permite a amamentação segura quando indicada.
Monitoramento contínuo e futuro promissor
Todas as gestantes diagnosticadas com HIV, sífilis e hepatite B em Itapetininga são registradas e notificadas nos sistemas oficiais. Esses dados são a base para o planejamento, monitoramento e avaliação das ações de saúde.
As gestantes recebem acompanhamento multiprofissional durante toda a jornada, da gestação ao pós-parto. As crianças expostas às doenças são acompanhadas clinicamente, com exames laboratoriais e vacinas, seguindo os protocolos nacionais até a confirmação do diagnóstico final ou alta.
A conquista de Itapetininga serve como um modelo inspirador para outros municípios brasileiros, demonstrando que com uma estratégia bem estruturada, integração de serviços e compromisso com a saúde pública, é possível proteger as futuras gerações de infecções graves e garantir um começo de vida mais saudável.