Com a crescente presença da Inteligência Artificial no cotidiano, muitos pais se veem diante de um novo desafio: como garantir que seus filhos utilizem essas ferramentas de forma segura e responsável. Especialistas alertam que, especialmente na primeira infância, o contato com a IA deve ser evitado, dada a complexidade das ferramentas e seu potencial impacto no desenvolvimento infantil.
Diálogo e regras claras: a base da segurança
O primeiro passo, segundo o jornalista Alvaro Leme, é a honestidade. Os pais devem assumir que não sabem tudo sobre o assunto e que estão aprendendo junto com os filhos. Essa postura reduz resistências e abre espaço para um diálogo real. Em vez de tentar dar aulas ou fingir domínio técnico, o ideal é deixar claro que a tecnologia mudou rapidamente e que todos estão se adaptando.
Estabelecer combinados simples e possíveis de cumprir é fundamental. É preciso autorizar o uso da IA para tirar dúvidas, explicar conteúdos e organizar ideias, mas proibir explicitamente a cópia de respostas prontas de ferramentas como o ChatGPT para a realização de trabalhos escolares inteiros.
Privacidade e checagem: pilares do uso consciente
Explicar os riscos básicos sem criar pânico é outra etapa crucial. As crianças precisam entender que a IA pode errar, inventar informações e armazenar dados. Portanto, dados pessoais como nome, escola, endereço ou rotina nunca devem ser inseridos. É importante reforçar que a ferramenta é um apoio ao aprendizado, mas não pensa por ela.
Uma regra prática de checagem deve ser combinada. Informações importantes obtidas por meio de IAs devem ser confirmadas em fontes confiáveis, como livros didáticos, materiais do professor ou outros sites. Ensinar a questionar as respostas fornecidas pelos algoritmos é um exercício de pensamento crítico valioso.
Monitoramento prático e alinhamento com a escola
Em vez de vasculhar todos os aplicativos com paranoia, a recomendação é perguntar diretamente à criança onde e quando ela usa essas ferramentas. Depois, revisar apenas os apps mencionados, observando se possuem chats ou assistentes automáticos. Ajustes como controles parentais básicos (filtro de conteúdo e limite de tempo) podem ser ativados, mas sem culpa se a configuração for muito complexa.
Observar mudanças de comportamento é mais eficaz do que monitorar cada clique. Ficar atento se a criança deixa de tentar resolver problemas sozinha, fica irritada sem o recurso ou passa a usar uma linguagem artificial e pronta são sinais importantes.
O alinhamento com a escola é imprescindível. Os pais devem conversar com a instituição para saber se o uso de IA é permitido, orientado ou proibido em atividades pedagógicas, e como os professores lidam com trabalhos feitos com ajuda de chatbots.
Por fim, o ponto mais importante: reforçar sempre que a tecnologia não substitui a conversa. A IA pode ajudar, mas não decide, não educa valores e não resolve questões importantes da vida. Dúvidas difíceis devem sair da tela e voltar para o diálogo em casa, mantendo um canal aberto, claro e sem julgamento entre pais e filhos.