Um serralheiro que vive na zona rural de Pedregulho, no interior de São Paulo, enfrenta uma série de ataques inesperados e prejuízos significativos. Moacir Ventura viu seu galinheiro ser invadido por onças-pardas em três ocasiões diferentes, resultando na morte de mais de 40 galinhas, animais que ele criava para vender ovos e complementar sua renda de salário mínimo.
Ataques repetidos e prejuízo crescente
O primeiro ataque ocorreu cerca de uma semana antes do último episódio, quando o felino matou aproximadamente oito aves. Três dias depois, o animal retornou e ceifou a vida de mais dez galinhas. O incidente mais grave e destrutivo aconteceu no dia 20 de dezembro. Moacir, que já desconfiava da repetição dos ataques, havia reposicionado uma câmera de segurança para monitorar a área.
As imagens, registradas por volta das 4h30 da manhã, mostram as onças circulando pela propriedade antes de finalmente invadirem o galinheiro. "No outro dia, vim tratar das galinhas, e elas estavam todas mortas, 25 galinhas mortas", lamenta o proprietário. O prejuízo não se limitou aos animais. A estrutura do galinheiro foi praticamente destruída.
Como os felinos entraram e quem são eles
Moacir acredita que o acesso ao galinheiro aconteceu pelo telhado, que não suportou o peso dos animais. "Ela subiu no telhado e, como ele é velho, quebrou. Ela caiu dentro do galinheiro e aí fez a festa", descreve. Pelas imagens, identificou-se que os animais são da espécie Puma concolor, uma onça-parda comum nas Américas.
O médico veterinário Moisés Ricciulli analisou o vídeo e afirmou que se trata, muito provavelmente, de uma fêmea acompanhada de seu filhote. "No vídeo, provavelmente se trata de uma fêmea, por estar acompanhada de um filhote, e saíram no horário que eles costumam caçar, ao entardecer", explicou. O especialista destaca que o filhote acompanha a mãe justamente para aprender as técnicas de caça.
Conflito entre humanos e fauna silvestre
A região do sítio, com fragmentos de mata preservada, rios e riachos, oferece um habitat ideal para a sobrevivência da onça-parda, conforme apontou o veterinário. Esse cenário, no entanto, também cria um cenário propício para encontros e conflitos com propriedades rurais. Para Moacir, a situação é dolorosa do ponto de vista financeiro e emocional. "Dói, porque você nunca espera isso. Eu ganho salário mínimo e vendia ovo. O povo sabia que eu tinha ovo, ou uma galinha caipira e buscava no meio da semana. É um prejuízo", desabafa.
Diante de situações como essa, especialistas orientam a população sobre como agir ao encontrar um animal silvestre desse porte:
- Evite fazer barulho ou movimentos bruscos para não assustar o animal.
- Saia devagar do local, sem correr ou dar as costas ao felino.
- Acione as autoridades competentes, como o Corpo de Bombeiros (193) ou a Polícia Militar do Meio Ambiente (190), para o manejo adequado do animal.
O caso ocorrido em Pedregulho ilustra os desafios da convivência entre a expansão das atividades humanas e a preservação da fauna nativa, exigindo soluções que considerem a segurança das pessoas e a conservação das espécies.