Menino de 10 anos leva 11 pontos no pescoço após acidente com cerol em Camaragibe
Criança ferida por linha de cerol leva 11 pontos no pescoço

Um menino de 10 anos passou por um susto que quase lhe custou a vida após sofrer um corte profundo no pescoço causado por uma linha de cerol. O acidente ocorreu em Camaragibe, região metropolitana do Recife, e serviu como um alerta dramático para os perigos do uso ilegal desse material em linhas de pipa.

O momento do susto e a corrida contra o tempo

Na noite do dia 17 de dezembro, Théo Dantas pedalava sua bicicleta, há apenas 20 dias aprendida, a cerca de 300 metros de sua casa, no bairro de Aldeia. Seus pais o acompanhavam, filmando o passeio. De repente, o garoto se desequilibrou, caiu e se levantou gritando, com a pele do pescoço aberta pelo fio cortante.

O pai, Tiago Lucas, foi o primeiro a alcançá-lo. "Eu não tinha certeza se ele ia sobreviver", relatou o homem, descrevendo a cena do filho ensanguentado. Com a camisa, ele tentou estancar o sangue enquanto a mãe, Mirella, corria para buscar o carro. No trajeto até o Hospital Esperança, no Centro do Recife, o desespero se misturava ao consolo. "Ele me abraça e fala que amava a gente. Foi um momento bem crítico", contou Tiago.

Um milagre a milímetros da tragédia

No hospital, Théo recebeu onze pontos para fechar o ferimento e, felizmente, já recebeu alta. O médico que o atendeu foi categórico ao conversar com o pai: o corte passou a milímetros da veia jugular, um vaso sanguíneo vital. "Foi Deus, porque foi a milímetros de muita coisa importante", resumiu a mãe, Mirella, classificando o ocorrido como um "milagre" diante da gravidade potencial.

O susto deixou marcas profundas na família, que passou dias sem dormir direito. O episódio ganha contornos ainda mais sombrios ao ser contextualizado: dois dias depois, um motociclista de 21 anos, Gabriel Henrique Costa Correia, morreu na Zona Norte do Recife após ter o pescoço cortado por uma linha de cerol.

Cerol: uma brincadeira que pode virar crime

O cerol, uma mistura de cola e caco de vidro aplicada em linhas de pipa para cortar as dos adversários, é expressamente proibido por lei em Pernambuco devido ao seu alto poder de corte. Apesar da proibição, seu uso persiste, colocando em risco a vida de ciclistas, motociclistas e pedestres.

"Empinar pipa é uma brincadeira tranquila, inclusive cultural nossa. O problema é aplicar o cerol", refletiu Mirella, após descobrir, na pesquisa feita após o acidente do filho, que outras crianças já haviam falecido em circunstâncias similares. O dono da linha que atingiu Théo não foi identificado.

O caso do menino de Camaragibe é um alerta urgente sobre uma prática perigosa. Ele ilustra como um momento de lazer familiar pode se transformar, em segundos, em uma cena de terror, e reforça a necessidade de conscientização e fiscalização para coibir o uso do cerol, evitando que novas tragédias, evitáveis, aconteçam.